28.2.07

Pobre Daniel...

Madame Louise ainda me mata. Sua verve cruel e sarcástica anda a toda, nos últimos dias, e é descarregada quase que totalmente sobre Daniel, o mestre de obras da mansão Rosa. Não bastassem os pedidos de material de construção mais inusitados da face da Terra, por telefone (Moça, quanto é o dorflex?, referindo-se ao revestimento que pretendia instalar no chão, e Ô, vocês têm forro de PCC?, quanto às modernas placas feitas com o mesmo material dos canos hidráulicos), Madame agora insiste em infernizar a vida do pobre Daniel (popularmente conhecido no Clã Rosa como hominho, até por Rafinha, A Cadela). O pobre hominho deixou de aparecer nas obras da mansão por apenas dois dias - suficientes para despertar a ira e a mais fina ironia de Madame. "Ah, é você? Mas agora eu já contratei outras duas pessoas para instalar o forro, tarde demais!", lamentava ela, ao abrir a porta para recebê-lo. Deslavada mentira, é claro. Ninguém dispensa um mestre de obras tão habilidoso e economicamente viável como hominho, digo, Daniel. Depois, passou a culpá-lo pelo forte odor de tinta que ainda se desprende das paredes do quarto de moi, pintado na última sexta-feira. "A curpa é tua, por que não comprou uma tinta sem cheiro?", questionava. Lógico, Louise não dá ponto sem nó. Enquanto o criticava com expressões do tipo "cara de cu sem pestana", ela tratava de passar um cafezinho fresquinho (a copeira não veio) para agradá-lo. O forro foi trocado e tudo terminou da melhor maneira possível. Por enquanto... (by Cíntia T.)

22.2.07

Titia

Medicamentos para circulação que custam mais de R$ 50 a caixa; autorização para exame raio-X que poderá detectar pressão óssea nos nervos; possibilidade de cirurgia vascular muito em breve; meias Kendall pro resto da vida. Sim, é a velhice chegando, galopante e implacável. Eu iria continuar este post, mas é que me deu um branco... falta de memória, sabe? (by Cíntia T.)

21.2.07

Flagra no carro alegórico

Manhã de hoje, toca o telefone. Do outro lado, uma amiga pingando de ansiedade para contar a última do Carnaval. Disse ela (sua identidade será mantida em sigilo para não comprometimento de imagem) que acompanhava o belo Carnaval florianopolitano na Nego Querido em um camarote chiquérrimo quando, sobre (eu disse SOBRE) um carro da tradicionalíssima escola Copa Lord, e ao lado do prefeito da cidade de São José (tema da escola), surge aquele deus apolíneo, usando branco dos pés a cabeça, sorriso largo, braços para cima, olhos fechados, cantando o samba-enredo com todo fervor e emoção. Uma visão muito digna e comovente.
Os parabéns vão hoje para o querido amigo John J., que abalou, abalou, sacudiu, balançou em nada menos que DUAS escolas de samba do Carnaval de Floripa.
O mais novo carnavalesco da turma já havia me comunicado rapidamente (by Orkut, que ele não perde mais tempo com mails) que desfilaria tanto pela Copa Lord quanto pela Consulado. Não deu outra: o garoto-maravilha encheu a passarela de luz e beleza e trouxe o tricampeonato para a vermelho e branco. Arrasou. (by Cíntia T.)

E enfim, feliz Ano-Novo

E no fim das contas, mesmo com tanta mágoa de cabocla no coração, o Carnaval em Shark city acabou não sendo tão ruim assim... pensando bem, e considerando prós e contras, foi até bem do divertidinho, com toda aquela chuva e o friozinho dilícia que me fez dormir de cobertor (hahahaha). Assistimos horrores de vídeos, tipo A Casa Monstro (cool), Pergunte ao Pó (por que mesmo eu achava que devia ver este filme?), A Dama da Água (do M. Night, blargh, porcaria de filme), e Dália Negra (Brian de Palma definitivamente perdeu a mão). E o melhor de tudo, e a minha maior alegria dos últimos tempos: no domingo a minha Ju voltou para nossa existência e para o colinho da madrinha, que eu já não agüentava mais de tanto desespero e saudades. Aí que realmente banquei a madrinha no Carnaval, levando a menina para uma série de atividades pertinentes à sua idade, como passear no shopping e comer no Bobs (e pagar pela bonequinha mais cara dos últimos tempos, no kit mclanchefeliz do bobs: R$ 13,90). O feriadão começou tão desanimado e despretencioso que quando acabou deixou gostinho de quero mais, dados os fatos agradáveis e inesperados ocorridos ao longo destes dias. Até visitinha com direito a churrasquinho no apê novinho em folha da Déia rolou. De resto, é sempre bom poder voltar à rotina, e que finalmente comece 2007, que tanta folga simultânea já tá pesando... (by Cíntia T.)
P.S.1: Eu adoro ver o Gala Gay. E ao lado de Marie Louise, o programa fica ainda mais saboroso. Definitivamente, a grande festa de Momo não seria completa sem uma boa e divertidíssima sessão de Gala Gay na noite de terça-feira. Pena que acabou tão cedo, para amargura de madame...

16.2.07

Fúria

Argh! Como é difícil lidar com namorado ranzinza, família problemática e TPM cruel, tudo ao mesmo tempo, e na véspera do Carnaval, quando são 21h30, todos estão na praia e eu estou aqui, fervendo nesta redação, entediada à décima potência, e sem nada para fazer (a não ser trabalhar, dã...). Ainda mais quando você sabe que as locadoras já não te oferecem nenhuma opção decente de vídeo, não há nada de bom na televisão e você NÃO tem TV a cabo. Argh again. Sem contar que hoje é sexta-feira e ainda há muitos dias tumultuosos pela frente, quando todos estarão se divertindo às pampas e você sabe que vai permanecer no mesmo lugar, inércia totally, sem fazer absolutamente nada de interessante e/ou divertido. Ahhhhhh!!! Aliás, já ia esquecendo: um ótimo feriadão de Carnaval aos leitores. Ótimo. Sinceramente. (by Cíntia T., rancorosíssima)

Driblando o desprezo alheio

E, enfim, envelhecemos. Houve uma época em que eu mal conseguia administrar o considerável número de "amigos inseparáveis" que mantinha. Fim de semana na praia com uma, noitada regada a aperitivinhos com outra, uma esticada na boate com aqueles dois. Com a idade, o passar do tempo, as mudanças de cidade e de estado civil, meu quadro de amigos foi rareando, rareando, até ficar bastante restrito - basicamente amigos de trabalho e de profissão. Os que outrora garantiam jamais me abandonar hoje se limitam a enviar micro-mensagens de texto e/ou scraps no Orkut (sim, é pra você, John). Mas o post de hoje, pré-carnavalesco, não é de amargura. É só pra constatar o quanto vamos nos modificando ao longo do tempo - temperamento, gostos, opiniões e conceitos, jeitos, maneirismos, pontos de vista. Sei lá. Aí que devido a algumas situações recentemente ocorridas foi que me dei conta de que eu, Cíntia T., anteriormente tão querida, amada e popular em meu círculo de amigos, hoje sou sumariamente "dispensada" em determinadas ocasiões. Por exemplo: quem recusaria um fim de semana de verão numa praia belíssima e badalada, de graça? Quase ninguém, não é mesmo? Pois uma dupla de amigas simplesmente ignorou o convite feito por mim e pelo namorado Caê M. (que se eu sou chata ele é o dobro - sorry, amore). Esta mesma dupla de amigas (?) realizou um petit-comittée na casa de uma delas e sequer pensaram em convidar a pobrezinha solitária aqui. E as mesmas bad girls - principalmente uma, de descendência nordestina, por assim dizer - adquiriram o saudável hábito (saudável para elas) de simplesmente desligarem o telefone ao saber que serão procuradas por nós posteriormente... desprezo em seu mais alto grau de pureza, saca? Ok, vou aqui admitir publicamente a pecha de "chata" (ou desagradável, inconveniente, sem-graça ou afins). Até porque na maioria das vezes as pessoas têm que agüentar não um, mas dois chatos juntinhos e apaixonados (eu e Caê). Argh. Mas que dá uma aflição danada saber que tem gente por aí que prefere mofar sozinha em casa do que dividir uma mesa de bar com a gente, ah, dá... (by Cíntia T.)

14.2.07

A brasileiríssima moda (argh) na praia

Foram apenas cinco dias, mas suficientes para transformar minhas tão pacatas férias. Eu e Caê M. nos mudamos de malas e cuia para a praia do Farol de Santa Marta, local até bem pouco tempo visto por mim com certa desconfiança e preconceito. É que o mundo permanece eternamente em 1969 nos limites do Farol - principalmente no que se refere ao público freqüentador cativo da localidade. Maconha aos baldes, aspirações zen-budistas, simulações desastrosas de yoga nas areias da praia, maconha, dreadlocks ultra-ensebados, cangas encardidas e ele, a estrela do verão, o "brinco em formato de tábua de bater bife". Sim, o hit da temporada se resumiu a duas peças ultra-básicas, que vão do asfalto às areias escaldantes dos balneários brasileiros: além dos tamancos com saltos de 48 centímetros de puro trabalho de marcenaria em madeira de lei, agora as novelas globais e o maldito big brother nos trouxeram a onda dos brincos hippies ultra-gigantescos que podem ser usados em apenas UMA das orelhas! Argh! As belas e saradas (contém milhões de ironias) do Farol aderiram com tudo à modinha, e, enroladas em suas saias indianas tye-dye tingidas no panelão de ensopar carne da mãe, arrastando os pés em rasteirinhas e com cabelões rebentados batendo na cintura, elas exibiam alegremente o acessório agigantado. Os hippies, responsáveis pelo comércio informal do Farol, é que estão felizes: com alguns pedaços toscos de madeira ou um monte de linhas coloridas e entrelaçadas eles estão faturando bonito vendendo os mesmos brincos que a Carollinnyy do big brother exibe na delicada orelhinha bronzeada. (by Cíntia T.)

I´m back

"Eu voltei, agora pra ficar... porque aqui, aqui é o meu lugar". Nada melhor do que os bons e velhos Robert and Erasmo Charles para iniciar este novo período de trabalho escravo, após paradisíacos 30 dias de férias da melhor qualidade. Tenho um punhadinho de coisinhas pra contar, comentar e observar, e tudo será feito da melhor maneira possível, considerando-se o atraso abissal de certos eventos e situações vivenciados neste último mês. Ressaquinha pós-folga a parte, resta agora retomar o fôlego e agüentar desabafos melancólicos como o de Caetano M., que, inconformado com a volta ao trampo, deixou escapar, entre um suspiro e outro, enquanto se esforçava para fechar uma página no jornal: "Não sei mais trabalhar...". E reparou que até o Le Monde nos dedicou um tantinho de atenção? (hihihihi). Aguardem novos textinhos em breve, ok? Voltem sempre. (by Cíntia T.)

3.2.07

Solidão, que nada!

O filme "Denise está chamando" (Denise calls up, 1995) traz a história de um grupo de pessoas, todas residentes na mesma cidade, Nova York, e que por uma série de casualidades, da rotina atribulada, do trabalho incessante, do corre-corre desenfreado, da falta de tempo para tudo aquilo que não parece prioritário no cotidiano, não conseguiam uma única brecha na agenda para um encontro informal com os amigos. Tão atarefados, os personagens, mesmo com tantos contatos pessoais e profissionais, acabam se adaptando à solidão e ao ensimesmamento sobre si mesmos (hein?), esquecendo-se de todo o mundo lá fora nos horários de ócio. O filme foi um clássico imediato no que se refere às mudanças de comportamento humano. Hoje e daqui a muitos anos vai continuar atualíssimo. Somos jovens, solteiros, estamos inseridos no mercado de trabalho, temos amigos, compromissos sociais, eventos diversos, viagens, reuniões, desafios, vitórias e derrotas. E mesmo assim (até mesmo aqui, nesta simpática cidadezinha provinciana), fica difícil às vezes conciliar trabalho, família e amigos; ou mesmo abrir mão da tão confortável e cômoda solidão, companheira já indispensável para certos indivíduos. Todo este imenso preâmbulo é apenas para contar a história de uma figurinha folclórica de minhas relações. Intocável em seu apartamento-refúgio, Carla C. costuma dispensar noitadas e compromissos sociais para divagar a respeito do próprio umbigo. O voto de silêncio, no entanto, às vezes insiste em ser quebrado nos momentos mais inapropriados do dia - e é aí que entram eles, os tão injustiçados e discriminados profissionais do telemarketing. Carla C. optou pela carreira solo na maioria dos momentos de sua vida, mas há aquelas horas cruéis em que nada pode ser melhor do que um dueto afinado. E os prestimosos meninos do telemarketing estão aí para isto, não é mesmo? Num almoço informal com amigas, Carla C. conseguiu a proeza de manter um diálogo consistente, com participação efetiva de ambas as partes, de 15 longos minutos com a representante da bandeira de seu cartão de crédito. Em outra ocasião, sozinha em seu apartamento, ela manteve uma séria e produtiva conserva de nada menos que 30 minutos com a moça da central de relacionamento da operadora Vivo. Ela se justifica: "Só ajudo a manter este fabuloso nicho de mercado de trabalho, o telemarketing. Além do mais, aproveito para esclarecer dúvidas cruciais a respeito dos serviços que utilizo", argumenta. Para mim, a situação pode ser classificada como uma espécie de síndrome da abstinência da fala às avessas, ou simplesmente o cúmulo da solidão... (by Cíntia T.)