21.12.10

Reminiscências de 2010

E então você se percebe pensativa na época mais feliz do ano porque o amigo querido do coração de mil anos a destrata como se lixo fosse, porque uma bichinha pocpoc fez pouco caso de sua onipotência, porque a chefe cobrou algo que não pode ser pago, porque o fim da linha se aproxima galopante. É época de festas, pernis, maioneses elaboradas, arrozes a grega, espumantes em promoção, presentinhos da Natura e da Cacau Show, mas você só consegue pensar no rumo que sua vida deverá seguir quando voltar de Paris.
É, amigos, porque eu sou pobre (mas limpinha), fodida e com a corda no pescoço, mas vou me divertir na cidade luz em fevereiro, portanto, até lá, dane-se o mundo, com seus tsunamis de ocasião, guerras civis, wikileaks, Tula Luana, Aretuza, tetinhas de Susana Vieira, 2012 e afins.
Anyway, caso não seja raptada por um francês charmoso, limpinho (faço questão, eis a dificuldade) e minimamente inteligente (e caso o namorado permita o sequestro), eu hei de voltar para minha vidinha mais ou menos em Shark City, onde amigos cospem no confessionário onde despejaram suas mais secretas ansiedades e paranoias, onde para ser relevante (ou pensar ser relevante) é necessário lamber as bolas das autoridades estabelecidas, onde contestar é sinônimo de afronta moral.
É difícil chegar aos (oooooops!) 30 anos (e mais alguma coisa) e verificar que sua vida não caminhou do jeito que deveria ter sido, e perceber que só uma reviravolta estilo twist, do cinema, conseguiria fazer a diferença.
Mas eu não sou assim de desistir tão fácil (hum-hum, mentira!), ou, melhor dizendo, algo muito estranho que habita minhas entranhas me diz constantemente que devo relaxar e acreditar que coisas melhores virão. A merda é que eu me influencio por esta previsão picareta auto-infligida e bóra acreditar piamente que, daqui a dois, três meses, as coisas mudarão de figura.
A merda é que nem dá pra apelar pra ironia extrema, visto que, repassando o passado não tão distante, as coisas realmente mudaram de figura, de quando em vez (pelo menos pra mim). É o que me leva a alimentar certa fé.
Nunca fui de amarrar bode por conta de fim de ano, acho uó depressão pré-réveillon, mas fica aqui meu desabafo contido (poderia ser pior, sério!) por conta desta época do ano tão significativa. Anyway, bóra preparar os petiscos pra servir pra moçada faminta que vai invadir meu espaço neste fim de semana. A dica? Farofa de banana. Mammy aprovou ano passado, vou repetir caso ela não insista em ganhar um neto nesta altura do campeonato.