30.6.20

Yes, we back


Imediata de novo? Yes, de novo! Este projeto parece mesmo viver em uma metamorfose ambulante meio seixasniana, intercalando algumas fases que são bastante significativas para o universo  feminino, para o nosso universo, pelo menos. Nasceu como projeto de conclusão de graduação láaaaaaa em 1999, ainda como proposta de um projeto de uma revista impressa, que preencheria uma lacuna no mercado editorial para um público focado em mulheres de 20 anos, nada da comportada revista Claudia, nem da ninfomaníaca Nova ou Marie Claire. De um projeto impresso transformou-se em site adequando-se à realidade financeira de três quase formandas, eu Cintia Teixeira e Renata Nymberg.

O site era divertidíssimo, que pena que não guardamos os arquivos, foram registros bem interessantes, como por exemplo, o show da Gretchen (à moda antiga! Dá pra imaginar?). Vinte anos. Recém-formadas. Muitos projetos. Muitas possibilidades. Vida amorosa instável. O mundo era nosso. 

Após alguns anos o projeto voltou em formato de blog. Acabei escrevendo pouco e a Cíntia acabou tomando a divertida tarefa de atualização do canal. Ela escrevia de Tubarão e eu (quando escrevia), de Joinville. Trinta anos. A carreira um pouco mais consolidada. Primeiras conquistas materiais. Início de um relacionamento sério. A gente se adequou ao mundo.   

E aqui estamos nós. Depois de uma breve (?) pausa de nove anos, voltamos com o olhar de quem tá na idade da loba com muito mais histórias para compartilhar. Ainda com tudo em cima, mais experientes do que nunca, sabendo o que queremos (ou não), mais decididas. Quarenta anos. Relacionamento estável. Foda-se o mundo.



We're back, bitches!!!

Quem aí não teve um caderninho cor de rosa com um cadeado minúsculo, escondido debaixo do travesseiro, que atire a primeira caneta perfumada. Ganhei meu primeiro diário aos oito anos e, desde então, inúmeras agendas reaproveitadas e cadernos velhos sucederam-se na missão de registrar minhas memórias.

Escrever um diário é uma atividade altamente recomendada - e por inúmeros motivos. Para eternizar momentos interessantes, curiosos, inesquecíveis (ou perfeitamente esquecíveis); para promover saúde mental, exorcizar demônios íntimos, fazer confissões, revelar desejos e segredos... O papel (ou algum arquivo escondido no seu computador) aceita tudo sem recriminações, como bem sabemos.

Também é uma forma interessante de autoconhecimento. Já escreveu um diário e, ao reencontrá-lo anos depois espantou-se com a maturidade (ou a falta dela), com os relatos ingênuos, absurdos, com as histórias que poderiam ser uma memória falsa se não estivessem devidamente registradas? Com o blog das Imediatas funcionou mais ou menos assim. Pensado para ser uma continuidade de nosso projeto de conclusão de curso (uma revista feminina não convencional), o Imediatas encontrou sobrevida com a facilidade e o custo zero oferecidos pela internet. Virou blog, virou diário, um livro aberto sobre mulheres adultas zero glamour e ostentação, 100% vida real com aquela pitadinha de humor safado (e mais autodepreciativo do que eu gostaria).

Reler os posts antigos (o blog teve início em 2006) me deixou bastante surpresa, ligeiramente incomodada e, de modo geral, relativamente feliz com o que eu era, fui, e pensava há mais de nove anos. Que bom que a gente amadurece. Que ruim que a gente amadurece.

Manter o blog foi uma experiência prazerosa, um exercício de escrita criativa, um rascunho para pensamentos e ideias não muito bem desenvolvidos, um registro de histórias absurdas ouvidas por aí. O As Imediatas (res)surgiu num momento legal, suprindo uma necessidade de contar histórias (algo que jamais me abandonou, de fato). Mas a vida se encarrega de te fazer perder o foco e mergulhar em outros tantos projetos e rotinas e o hábito de escrever cotidianamente acabou ficando pra trás.

O convite da amiga imediata Stella B. veio em hora boa, numa hora complicada de nossa existência e que, por isso mesmo, suscita tantos pensamentos aleatórios que talvez, para trazer alívio mental, precisem ser despejados / transformados em palavras.

Então vamos mais uma vez brincar de escrever e resgatar este hábito. Lembro de certa vez chegar em casa da escola, há coisa de trinta e tantos anos, e encontrar minha mãe, tias e primas, todas ao redor do meu diariozinho, rindo descontroladamente. A vergonha e o desconforto que senti naquele momento foram esmagadores. Hoje, não seriam. Mãe, tias e primas, fiquem à vontade para ler, compartilhar e rir de nossas histórias no Imediatas 4.0!