27.12.06

Meu presente de Natal

Tem gente que, surpreendentemente, diz não gostar do Natal. Sacrilégio! O Natal é uma daquelas datas mais queridas do ano, junto do meu aniversário e do Dia dos Namorados. Tudo o que é relacionado ao Natal é bonito, puro, generoso e solidário. As pessoas abrem o coração, tornam-se, mesmo que momentaneamente, melhores, mais amáveis, mais gentis (tudo bem, o corre-corre nas calçadas durante as compras de presente não são nada gentis). Eu simplesmente amo o Natal, amo ganhar presentinhos fofos, também adoro dar presentes que agradem de fato, gosto das gentes reunidas, confraternizando, se entupindo de gêneros alimentícios diversos, se encharcando de álcool e derivados deliciosos como espumantes geladas.
Aí que este ano a rotina seria temporariamente quebrada e eu celebraria, após algum tempo, o Natal em Shark City. Mas, loucurinhas da vida, quis o destino que outra vez eu celebrasse o Nascimento do Menino Jesus em Porto Alegre, que já estou classificando como meu quarto lar (sim, Shark, Floripa e Recife vêm antes, sure). Foi a delícia de sempre: a família do amado sempre muito animada e festiva, presentinhos e mimos diversos, alegrias, beijos, abraços, sorrisos, comidança farta, lombinhos com molho de laranja e o NOSSO strogonoffe de passas (eu e Caê que fizemos, sim, sim, invencionices culinárias). Mas o meu presente, o meu presentão mesmo, grandão, embaladão, pesadinho, todo fofo, eu só fui receber depois, na volta de POA. Caê fez mistério, especulou sobre o misterioso presente "cinco em um" e não cedeu mais nenhuma mísera pistinha. E eu jurando de pés juntos ser o meu mimo do ano um computador (cinco peças: monitor LCD, estabilizador, teclado, gabinete e impressora, haha!). Qual não foi minha mega-ultra-super surpresa ao abrir o pacote (aí eu já sabia não ser um computer) e me deparar com CINCO PANELINHAS linnnnnnnddaaaaaas da Tramontina???????

Bom, como dizem mãe e Marie Louise, isso é um claro indício de que o moçoilo quer realmente casar, e as panelinhas equivalem a uma aliança de noivado (sem o devido romantismo, claro). Já eu penso que o que Caê boy quer mesmo é uma escravinha sexo-culinária à disposição, hehe...
P.S.: já contei pra tanta gente que perdeu a graça, mas na saída de Porto Alegre vimos um casal de mendiguinhos fodendo gostosinho nas margens da rodovia. Sexy. (by Cíntia T.)

17.12.06

De blusinha branca

Todo mundo teve, no imaginário infanto-juvenil-adolescente, aquele lugar incrível em sua cidade e/ou região onde a noite seria mágica; a banda, perfeita; a iluminação, ofuscante; as bebidas, ultra-geladas; as roupas e os cabelos, dignos da Vogue; e as pessoas... ah, as pessoas, estas seriam fofas, interessantes, inteligentes, bonitas, bem-humoradas, divertidas, abertas, comunicativas e de cara seus mais novos melhores amigos. Para mim, em minha esquecível fase teen, este lugar era a boate do Laguna Tourist Hotel (na praia que leva o mesmo nome). Ir à boate do Tourist era o equivalente a ir ao Studio 54 para os deslumbrados nova-iorquinos dos anos 70. As amiguinhas mais maduras iam, as turmas das classes acima da minha freqüentavam, e era tudo tão, tão... desejável! Lá eu realmente seria feliz. Aí quando passei a ir passei também a fingir que achava o máximo. Mais tarde, quando entrei para a universidade, trazia amigos para passarmos o Réveillon no mais alto estilo, na tão badalada (e já decadente, eu fingia ignorar) festa de Réveillon do Tourist. Frenesi. Após a popularíssima queima de fogos do inferno, quando as portas do cemitério eram abertas, rumávamos todos, chiques, impecáveis em vestidos novos, para o arrasta-pé da elite local. Aí era um show de absurdos e curiosidades grotestas. As lindas moçoilas habitués do Tourist passavam os dias que antecediam a Grande Festa inteirinhos torrando no abrasivo sol de Laguna Beach. O figurino: o mais branco possível, para contrastar com as peles pecaminosamente envelhecidas precocemente. Calças ultra-skinnies agarradíssimas aos corpos sarados, tops com muito piercing umbigal de fora, minivestidos agarrados nas curvinhas tentadoras, microsaias, mega-saltos. Escândalo fashion. A peruagem reunida tinha esgares coléricos quando a mais nova coleguinha adentrava o recinto com uma sainha mais mini que as outras, ou com uma barriguinha mais sarada que as demais, ou com um bronze mais torrado que a média. Um caça-maridos ultrajante ao sexo feminino, uma aberração sexual aviltante à ala feminina mobilizada. Um divertimento explícito e escrachado, para mim. A festa é chocha, meia-boca, os teens tomaram conta do pedaço, crentes que estão no lugar mais quente do litoral sul-catarinense, meninos de boné e regata, meninas a la brtiney spears, a bebida é quente, a iluminação é constrangedora. Não vale a piada. Não num dia que, tecnicamente, deve ser bem especial para todo mundo, a virada do ano. Metida naquele mafuá? Nossa, tá parecendo tão difícil me agradar, não é mesmo? (by Cíntia T.)

Banho de cidra?

Talvez pela idade, ou pelas atuais companhias, ou mesmo por já ter aprontado diumtudo em outros carnavais (e réveillons), eu já não me animo tanto assim para embarcar em uma praia abarrotada, com gente saindo pelo ladrão arrotando peru e cerveja choca e dando banho de espumante Perlage em tudo o que se mexe ao seu redor. Nestes festejos de fim de ano, o que eu quero é paz - na noite do dia 31 e no resto do ano inteirinho, e da vida, ever. Durante anos a fio a minha programação consistia em cozinhar (normalmente sozinha ou com ajuda de Mammy) pra um bando de esfomeados, na casinha de praia, depois ir me arrumar às pressas, agüentar as filas frente ao único banheiro, resistir ao impulso de quebrar a cara da irmã, que monopolizava o único espelho para fazer a makeup, e sair correndo, voando, às pressas, tensa, para não perder a queima de fogos no Mar Grosso. Me lembro e já me arrependo imediatamente. Afinal, por que não ficávamos todos juntos, em casa mesmo, longe do furdunço e das multidões? Por que não confraternizávamos uns com os outros, amigos e familiares, justamente aqueles em quem pensávamos e com quem nos preocupávamos de verdade ao longo de todo o ano? Para que a necessidade desembestada de seguir a corrente predominante e brigar, ombro a ombro, com os farofeiros, carregando caixas de isopor; as místicas, vestidas de branco com flores nas mãos para Iemanjá; e os bêbados, figurinhas fáceis, que tiveram como ceia um apetitoso cachorro-quente meio frio, tudo para chegar na areia? Ritual macabro, este, e que agora, curiosamente, não me apresenta sentido algum. Ano Novo é renovação, energias positivas vibrando a mil, pensamentos puros e plenos sendo trocados com intensidade, e eu confesso achar interessante este contato com a natureza (e com uma praia, conseqüentemente) nesta noite. Mas enfrentar uma multidão enlouquecida e sedenta pela banda de axé e pagode que se apresenta depois da contagem regressiva? Never more. Ainda não tenho programa para o Ano-Novo, e aceito convites. Mas vê lá pra onde você vai querer me levar, hein?
P.S.: nos próximos posts, mais relatos de festas micadas de réveillon. Afinal, quem não tem uma pra contar? (by Cíntia T.)