13.9.10

Velha infância

Laurinha P. veio com mais um meme bacaninha pra gente quebrar a cabeça e pensar na vida. Este diz a respeito das coisas bacanas (ou não tão bacanas) da infância. Here we go:

1) Coisas que tive e adorava
Ainda esta semana, conversando com mamã, falei de meu desejo de adquirir novamente o jogo "Pulo da Aranha", que ganhei aos sete anos, e que me fez rir e chorar e ser o centro das atenções nas festinhas de família. Minha mãe garantiu que este tipo de desejo passa após ter um filho (ela e todas as suas chantagens pró-procriação...).
O jogo era muito bacana, uma imperceptível tremidinha de mão fazia a terrível aranha de pelúcia pular em sua jugular. Queria, tipo, pra ontem, porque garanto que ia levar os mesmos sustos.



2) Coisas que queria muito, mas não tive
Meio clichê, mas eu queria muito a casa da Barbie que custava, tipo, o valor de um carro usado (mas em bom estado). Aquela casinha da Moranguinho, em formato (é claro) de morango, também figurava nos meus ardentes sonhos de consumo infantis.



3) Uma lembrança boa
Felizmente, minhas lembranças de infância são, invariavelmente, boas. Brincar de "pé na bola", me arrumar pra ir a uma festinha de aniversário usando a minha indefectível salopete cor-de-rosa. Ficar até tarde na TV vendo SuperCine com mamã. Tomar sorvete de gelo e achar uma delícia (tomar suco de pacotinho - leia-se Q-suco - e também achar uma delícia, argh).

4) Uma lembrança ruim
Quando arrombei o joelho caindo da árvore, na casa da minha tia, na longínqua Capivari de Baixo. Sangue quente e espesso perna abaixo, a tia cheia dos compromissos tendo que me levar pro hospital pra fechar aquela cratera. Cinco pontos.

5) Coleções
Papel de carta, néam? E alguns álbuns de figurinhas (como as da Rainbow Brite, cheirosas e de cores psicodélicas, embora eu não soubesse o que era psicodelia, thanksGod).



6) Ídolo da época
Ai, tive que quebrar a cabeça pra pensar, mas acho que era o Indiana Jones. Ah, e o Christopher Reeve, em Superman (nossa, agora entreguei a idade legal). É, eu sei. Era melhor ter dito a Xuxa, né? Mas não vou mentir...



7) Programa favorito da época
Tá bom, era o da Xuxa. Mas só pelos desenhos. Get along gang rules!



8) A moda mais legal que usei
Polainas.



9) A moda mais brega que usei
Que eu NÃO usei, melhor dizendo. Saia balonê. Feio até pra criança.

Nem vou indicar alguém pra responder. Se curtiu, sinta-se à vontade.

8.9.10

Festa de formatura

A decoração é exagerada; os discursos, longos e enfadonhos, os trajes são cafonas, a trilha sonora é de embrulhar o estômago, mas não tem jeito: bailes de formatura são garantia de diversão ou o dinheiro da rolha de volta. O mais curioso: festas assim são exatamente iguais umas às outras. Idênticas. E não importa se você se formou há 15 anos ou pretende colar grau só em 2016 - a comemoração você já conhece.
Começando pela colação de grau, quando você descobre em poucos minutos quem é o estudante mais popular da turma e quem é aquele pra quem ninguém dava bola, o sem-amigos e sem torcida. Colação é foda: você se emociona com a conquista de seu amigo/parente/, e tals, mas ter que aguentar todo aquele discurso padrão não é moleza. Enfim, centenas de bocejos depois, e com a maquiagem já escorrendo, é que realmente começa a festa.
Porque a magia de uma festa de formatura está no desenrolar do baile. E ninguém sabe explicar porque alguns bailes são ruins e outros considerados muito bons, já que o roteiro é estritamente seguido a risca, sempre o mesmo. Vai do estado de espírito e do teor alcoólico do sujeito, acredito. Importante salientar que as observações abaixo foram feitas durante a melhor formatura dos últimos dez anos, da minha querida pérola negra Rúbia (parabéns, amore!, de novo).
A banda começa com a valsinha, um Frank Sinatra aqui, um Glenn Miller ali, todo mundo tentando parecer um pouco controlado, o randevú só está começando. Fotos familiares feitas, é dada a largada, e o bandleader invariavelmente sai com algo do tipo "whisky a go go", pra todo mundo entrar na onda e cantar junto coisas como "eu perguntava: do you wanna dance? E te abraçava (do you wanna dance?)". Aí entra as mais babas de Beatles (e bóra todo mundo jurar que dança twist), um pouquinho de ABBA, algo do Queen, nada de novo debaixo do sol.
A putaria começa com os "hinos" (como diria Lu, em posição solene, com a mão no peito) "It's raining man", "I will survive" e "Y.M.C.A.". É incrível como um bando de gente ainda diz haver preconceito contra gays no mundo: não tem UM suposto hétero que fique quietinho na cadeira com estes hits. E dá-lhe coreografia com os bracinhos. Aliás, o momento "gay" do repertório musical está sendo levado tão a sério que tem até figurino especial: a banda toda com perucas coloridas (ops, gays não são palhaços, #fail).
Naquela hora que eu já estou pensando em tirar as sandálias discretamente e massagear meus pezinhos doloridos por debaixo da mesa, começa a muvuca: axé music. Ah, que inferno. E que inferno adorável, como deve concordar @joaojoenck. "Sou praieirô-ô, sou guerreiro, tô solteiro, quero mais o que?"... Que beleza, que riqueza de letra, que poesia!
Ah, mas não basta o axé. Uhum. Nada é suficiente. E agora contamos com a magia dos forrós (ou qualquer que seja o gênero musical de bandas como Calypso ou Calcinha Preta, juro que googlei mas não encontrei nada). E aí de repente o universo inteiro pára pra você ouvir, pela primeira vez na vida, esta pérola: "Ela sai de saia, e de bicicletinha, uma mão vai no guidom, e a outra tapando a calcinha". Uma pequenina lágrima percorreu meu rosto angelical, borrando todo o rímel. Senhores, estamos lidando com gênios letristas da MPB.
E quando você pensa que nada mais pode te surpreender (já que até vanera você dançou com o amigo pé-de-valsa), de repente seus olhos encontram a joia rara da noite:


(infelizmente, o choque foi tanto que não consegui fotografar a original, mas é bem por aí, um misto Kaoma, Joelma e ringue de patinação americano)
Aí já passava das quatro da manhã e provavelmente se tratava de alucinação coletiva. Porque, né? Não é possível.
Tem coisa melhor do que um bom baile de formatura?

2.9.10

Cabelo

Eu vivia perfeitamente bem com meu cabelo até chegar perto dos 30. Aí o bicho degringolou - ou fui eu que me tornei mais exigente, acho que um mix das duas coisas. Meu cabelo tem frizz. E achata bem em cima da cabeça. Sabe aqueles dias em que você acorda, se olha no espelho e já diagnostica: hoje meu cabelo não vai colaborar comigo? Então, o famoso "bad hair day". Pois comigo não existe isso, existe o "good hair day". Porque de vez em quando meu cabelo resolve ser querido comigo. Mas só bem de vez em quando. Gasto milhões de dólares com meu cabelo (ai, que mentira), mas até hoje, nenhum resultado realmente positivo (espero que Laurinha resolva meu problema!).
Pois bem. Mas o drama maior da minha experiência de vida capilar ocorreu na infância, e acredito que quem tem mais ou menos a minha faixa etária saiba do que estou falando. Porque nós tínhamos os famosos cortes "Chitãozinho e Xororó", modernosamente chamados, na época, de moicanos. Tínhamos o corte "cuia", cujo formato era basicamente o resultado obtido após se colocar uma cuia na cabeça e passar a tesoura no que restava, do lado de fora (também jocosamente apelidado de "corte penico"). Tínhamos a franjinha, os cortes joãozinho, perversamente escolhidos por algumas mães para erradicar a piolhada, mas que infelizmente só serviam para estimular a sapatice latente nas meninas. Ah, e tínhamos os glamourosos acessórios: tiaras forradas e gigantescas, flores de plástico imensas, trecos fluorescentes. Um horror.
Lembro que, aos 12, consegui deixar meu cabelo bem compridinho e, influenciada pela prima, adentrei, soberana, em uma cabeleireira de fundo de quintal munida do dinheirinho contado para pagar o haircut. Era moda, boba, e ela me aplicou o Chitãozinho - e porque EU pedi. Cara, foi traumático. No fim das contas a própria cabeleireira começou a rir e disse que parecia ter sido cortado a foice. A foice. Ouvi muito esta expressão nos meses subsequentes.
Agora soube de uma historinha cabreira: menininho é hostilizado no colégio por ser o único entre os guris a não adotar o corte de cabelo "Justin Bieber". Que é, basicamente, um corte cuia estilizado. Pensei em dizer a ele para contar no colégio que Justin Bieber é gay, mas vai que ele apanha, né?
Com a história, desencavei mais uma passagem maligna do passado, com relação às minhas madeixas. Certo dia, por volta dos dez anos, por algum motivo desconhecido mamã mandou ver no corte cuia pra primogênita aqui. Tudo bem, tinha uma novela cujo personagem exibia o mesmo corte, deve ter sido por isso (ou foi crueldade mesmo). Ai fui dar aquela voltinha na rua, pra me exibir. E uma vizinha (pouco mais velha e meio agressiva) passou de bicicleta, cantou o pneu, parou na minha frente, apontou o dedão e ficou gritando: "AHAHHAHA, Juruna, Juruna, Juruna!". Eu não sabia direito quem era o Juruna na náite, mas sabia exatamente do que ela estava falando. Sofri como sofrem as crianças vítimas de bullying.


O corte da moda...


... e o personagem sensação dos 80's. Mães, não deixem seus meninos fazerem isso.

1.9.10

Mascaradas

A muiézinha já acorda atrasada, com os bofes pra fora, cheia dos compromissos inadiáveis, reuniões, agendas a serem cumpridas, horários, negócios. Mau humor contagiante. Resmungos, palavrões sussurrados, "cadê a porra daquele sapato?", esgares coléricos.
Mas aí é o momento de abrilhantar os ambientes com seu sorriso perolado, então bóra reforçar a maquiagem, caprichar no batonzinho, sorrir e cumprimentar a todos obedientemente, trabalho é assim mesmo e ninguém merece ser tolhido por uma mala ranzinza. Aí é só sacar da máscara "Boooom dia, amiguinhos!!!".
Chega o momento do almoço, aquela pausa balsâmica que deveria oferecer equilíbrio e tranquilidade para enfrentar o turno subsequente, mas, qual? Você recheia seu prato no buffezão da esquina com montanhas de carbs, friturinhas mil e simplesmente esquece da salada (comer para compensar frustrações?). Mas não temos tempo pra remoer bobagens e você sabe que vai compensar o exagero com uma sopa rala no jantar (not). Então bóra fazer cara de gordinha feliz. Só sacar a máscara "Comi uma ceasar salad com chá verde no almoço e estou super relax".
À noite é a vez de dar atenção a ele (ou a ela, whatever - tudo porque detesto usar a palavra "cônjuge"). Muita paciência para ouvir o dia também atribulado do gajo, força para não despejar toda a sua mágoa de cabocla na cabeça do pobre rapaz, e, como diria Madame Louise, "ranço na cola" pra ronronar gostosinho no ouvido dele e pedir uma massagem nas costas. O momento é ideal para se cercar da máscar "É tempo de amar".
Taisinha, a reaparecida, observou sobre as inconstâncias no universo feminino, e do artifício das máscaras para estarmos sempre bem em todos os momentos da vida, quando, em alguns casos, a vontade é mandar tudo pra puta que o pariu.
Se você não se identificou com nada do texto e acredita que pode encarar o mundo de cara lavadíssima (ok, protetorzinho básico e gloss), parabéns! E já aproveito para te pedir a receita. Porque eu prezo muito por minha autenticidade, mas convenhamos que é hardcore engolir sapos alheios, aturar chatice e malice-sem-alça, inconveniências e afins com um eterno e imutável sorriso cor de carmim nos lábios, confessa.
Mulheres são atrizes natas. Ok, alguns homens também (e é aí que mora o perigo).