27.6.09

Diploma, talento, conhecimento

Desde que o Supremo Tribunal Federal derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, tenho acompanhado as mais indignadas manifestações, por parte de meus colegas de profissão - hoje, infelizmente, existentes em número muito maior. Felizes ou infelizes, satisfeitos ou desapontados, com ou sem o canudo, agora tão dispensável, o fato é que nós, jornalistas, temos que agora garimpar em um mercado de trabalho subitamente muito mais restrito (dado o aumento da oferta de mão de obra).
Muita calma, no entanto. Como disse Antônio Tabet, do site Kibe Loco, em visita a Shark city, onde palestrou para universitários, "talento muitos podem ter (ou achar que têm). Mas conhecimento, só quem vai em busca dele". Ânimo, portanto. Temos um diferencial, senhoras e senhores, não o subestimem.
Se você quisesse reformar sua casa - mas desejasse um serviço realmente decente - chamaria a quem? Um arquiteto ou um pedreiro?
Tabet arriscou ser freneticamente vaiado ao dizer concordar com a determinação do STF - afinal de contas, o homem falava para uma plateia de estudantes de Jornalismo, que certamente não está exatamente feliz por pagar uma fortuna mensal por um fruto que já nem vale mais estas coisas, hoje.
Ele lembrou que a obrigatoriedade do diploma foi mais uma das autoritárias imposições da Ditadura Militar, como forma de calar, de censurar, de controlar a informação. Mas, ora bolas, se hoje existe alguma espécie de órgão repressor e cerceador da liberdade de imprensa, este se chama "anunciante". E esta censura não há diploma (ou a falta dele) que possa combater. Infelizmente, diplomado ou não, o jornalista hoje aceita e se resigna às leis do mercado.
E mesmo surgindo de uma determinação tirana e parcial, ainda assim a necessidade do diploma tem sido muito útil à sociedade - não se pode desconsiderar os benefícios que um curso superior nesta área te oferece.
Há que se ter talento? Sim. Mas também há que se ter conhecimento. Quer expressar sua opinião sem seguir as instruções repassadas nos bancos universitários? Abra um blog. Problema resolvido.
Agora só nos resta torcer para que a Proposta de Emenda Constitucional que restabeleceria o diploma como condição indispensável para o exercício da minha profissão não seja só conversa fiada.

Um comentário:

Matheus Madeira disse...

É conversa fiada