Primeiro foi o moço, que chegou arrastando a mala Louis Vuitton de rodinha, boné da Adidas escondendo os cabelos precocemente grisalhos. Me presenteou com uma echarpe da Hermès e distribuiu chocolatinhos Godiva ao marido, que se regalou com o mimo.
Depois foi a rosada economista do Oeste, distribuindo água Perrier e vodka Absolut de baldes. Chorei, emocionada, mas tratei de secar as lágrimas, discretamente, no meu lencinho de bolso (pague dois, leve três, do Paraguai).
Foi um furdunço "dilícia", como diria Janet. Nos molhes da Laguna, botos faceiros e buliçosos vieram nos recepcionar, serelepes. Jay (o marido de ouro da Janete, benzadeus) salivou ao imaginar o pequeno cetáceo girando num espeto, douradinho de sal grosso.
Na Casa de Anita, Janete pensou, perversa, em utilizar-se dos préstimos do penico-privada (banco de madeira com um furo no meio, para adaptar o pinicão da Anita), instalado na sala principal da casa da heroína de dois mundos.
Na Fonte da Carioca, Johnny boy tratou de encher 18 garrafinhas plásticas com o precioso líquido milagroso - o moço é casamenteiro, e dizem que beber daquele troço é tiro e queda pra arrumar um (a) pretendente (a). Só para garantir, o rapaz também prendeu um bilhetinho com seu nome sob as camadas do vestido da noiva.
No hotel chiquéeeeeeeeerimo (Hilton Laguna Beach, inaugurado pela própria Paris), vesti a fronha (algodão egípcio, ainda com a etiqueta da importadora) na cabeça para retirar a roupa sem borrar a maquilagem: truque aprendido no instituto de beleza (filial lagunense do MG Hair, de Marco Antonio Di Biaggi). Impressionei-me com o travesseiro de penas de ganso asiático, todo pintadinho por delicadas manchinhas amarelas e marrons, certamente um óleo aromatizante para que o hóspede durma melhor.
Em poucos minutos, os três retomaram, como num passe de mágica, todo o tempo perdido distantes um do outro. Foi como se tivéssemos nos visto há apenas uma semana, coisa assim. É amizade, daquelas bem difíceis de encontrar por aí e que, graças ao meu bom e fiel amigo Deus, tenho o privilégio de usufruir, junto a algumas pessoas (né, belzebu e nordékia, não esqueço de vocês, não).
O idilío terminou na manhã de domingo, quando rumamos, melancólicos e um quê cabisbaixos, para nossas residências, em cidades tão distintas. Não sem antes presenciarmos um trupicãozinho de marido Jay na escadaria do hall do meu edifício residencial. Nada que não tenha sido resolvido com uns dois pontinhos na testa...
