16.3.08

Arquétipos (parte 1)

Quem vem ao Imediatas sabe que neste espacinho humilde somos todos muito metidos a cinéfilos, não é mesmo? Gostamos do babado, da tela grande, de grandes interpretações, dos ótimos roteiros, das premiações looosho, enfim, cinema é com a gente mesmo, que também não dispensa a pipoca jumbo-size. Ontem mesmo me and marido fomos assistir a "No country for old men", com o assombroso Javier Bardem, também identificado como clone do Beiçola da Grande Família. Mas assim como existem filmes impecáveis, também existem, e aos baldes, os filmes-podreira. Confessem: quem aí já não perdeu noites a fio frente à telinha da Grobo, vendo uma boa e velha reprise classe B no Supercine? Delícia das delícias. E se de podrera nós gostamos, também de podrera nós somos experts em criticar.
Vamos, portanto, a uma análise rápida dos clichês mais desgastados da boa e velha sétima arte. A começar pelas...

* palmas. Momento de tensão máxima no filme, uma descoberta é feita; um segredo, revelado. Climax se anunciando. E de repente... clap - clap - clap- clap. Um idiota que se insinua como o vilãozinho issshperto da película adentra o ambiente batendo palmas bem lentamente, desdenhosamente, para só então lançar um "bravo", com aquele R americano bem pronunciado. Este personagem normalmente surge para jogar novas luzes no rumo da história, propôr outros caminhos aos protagonistas e sugerir idéias ao expectador. De qualquer forma, sempre inútil, o batedor de palmas só vem para complicar.

* Separações em momento crítico. O serial killer psicopata está à solta, pronto para dar o bote. O vampiro e/ou a múmia já saiu da tumba, os assaltantes-assassinos já invadiram a mansão. Mas o grupo de personagens do núcleo da dramaturgia cisma em se separar para vasculhar o ambiente. Lógico que 99% deles acaba empoçado no próprio sangue. Maneira rápida desenvolvida por roteiristas para eliminar personagens e, conseqüentemente, a necessidade de se desenvolver falas e diálogos com certo sentido para tanta gente.

* A bela. Todo filminho tem sempre a mocinha bonita, loirinha e sorridente, que consegue transformar a roupinha de colegial em artigo de sex-shop. Sempre chata, personalidade achatada, sérios problemas de auto-afirmação, acabaria grávida e dona-de-casa forever, se o filme desse continuação à sua vidinha medíocre.

* A fera. Normalmente morena, olhos mega-delineados, estilo punk de ser (dataaaaado), a rebelde morre de inveja da bela, daria tudo (eu disse tudo) para fazer parte do timinho das barbies, mas como deus não vai com a sua cara, é exorcizada por todos os coleguinhas.

* A nerd. É tão boazinha e pacata que chega a enjoar. Não fala mal de ninguém, é estudiosa, obediente, usa óculos e cabelos sempre presos, colados na cabeça. Ninguém dá nada por ela, até que algum pioneiro corajoso resolve tirar os óculos da moça e soltar seus cabelos. E... tcharan! A bicha vira a gostosa da turma. Dois meses depois, é a nova "bela" da escola. Seis meses depois, engravidou e vai virar dona-de-casa, se entupindo de donuts e panquecas com kero.

* Ninguém NUNCA ouve os conselhos dos pais.

* O vilão sempre tem que explicar seu plano infalível antes de mater o herói, dando-lhe o tempo necessário para conseguir escapar, ileso, e salvar o mundo.

* O carro nunca pega na hora que você mais precisa - mesmo sendo uma SUV último modelo movida a gasosa, gás, álcool, diesel, biodiesel e energia solar, tudo ao mesmo tempo, tipo multiflex. Não vai pegar. Só lá pela quinta tentativa, quando o monstro já quebrou o vidro e estica o braço pra te grudar.

* Ninguém toma um mísero sorvetinho, só se for um pote inteiro de Häagen-Dazs.

A lista é grande, vou dar uma pausa e continuo depois. Acréscimos serão bem-vindos.

Um comentário:

Ruiva disse...

hahahahah

rindo muito! eu, que sou apaixonada por filmes, fico comentando com minha irmã (no melhor estilo "Gilmore Girls") os detalhes pitorescos dos filmes.

ADOREI.

beijos