27.1.09

Colegas...

A moça, aquela atentada, afastada temporariamente do jornalismo a fim de cumprir tarefas mais nobres (como as aulas de Alemão Arcaico, Esperanto, Aramaico e Português - Versão Novas Regras Gramaticais), circulava tranquila por sua comunidade quando, ao cruzar pelo bar da esquina escuta aquela voz bizonha: "Ei, coleeeega!". Assustada, a brunette bem que tentou fingir que não era com ela, mas o dono da voz foi um pouco mais além: "Eeeeeei, Charlotte B., eeeei, coleeega!", nominou. Aí não houve meios de fazer a surda.
Lentamente e temerosamente, a paulistana desvairada foi virando o pescocinho na tentativa de reconhecer seu interlocutor. Enquanto isto, mil pensamentos eram fabricados ininterruptamente pelas sinopses nervosas de seu cérebro em ebulição. "Ai, quem deve ser? Só tem um tipo de gente aqui na região que infla o peito pra chamar o outro de colega, os que pertencem à categoria pseudo-jornalista", antevia a médium. Estava coberta de razão.
Curioso, fosse ela médica ou advogada, a cena não aconteceria. Mas não, além de professora Charlotte é JORNALISTA, ou seja, cheinha de colegas por toda Shark city e adjacências. Colegas temos aos montes, centenas, do pedreiro ao encanador, do gerador de caracteres ao sonoplasta. Basta um microfone na mão, ou caneta e bloquinho, e voilá! Temos um colega. Argh.
Voltando à história. E quem cumprimentava nossa heroína, aos berros, copinho suado de cerveja na mão? Siiiiiim, mais um destes coleguinhas, um tipão figurinha fácil na cidade, gordo, afetado, espalhafatoso, barulhento, daqueles que vivem de lembranças dos bons tempos passados e que jura ter alcançado fama, glamour e poder protagonizando um programete de TV no canal 247 que só pega na Coronel Cabral.
Mas ele não estava só, que desgraça pouca é bobagem. Junto ao gorduchinho fanfarrão havia uma outra criatura bizarra da pseudo-press sharkcitiana, mais reconhecido por suas semelhanças físicas com um cantor da MPB do que por qualquer outra coisa.
Embriagados, os dois propagandearam os mais mirabolantes projetos, e que vão "revolucionar o jornalismo no Sul catarina", algo entre um site e um programa de rádio, whatever.
"Faço questão da sua participação, Charlottinha, contamos contigo! Me passa o teu msn!", gritava o gordo. Maldito msn. Endereço fake repassado, "um batizado me espera logo ali na São Judas Tadeu" foi dado como desculpa para fugir e finalmente nossa morenaça belzebu viu-se livre da dupla do capeta.
Sabemos da necessidade de vagas e oportunidades de emprego neste ramo que escolhemos como profissão, mas... numa hora destas limpar uma privada bem suja é praticamente poesia.

Um comentário:

Maite Lemos disse...

PQP!
Pior que eu sei de quem ta falando.
Já passei por uma dificil com essa figura aí da MPB.
Outra hora te conto!
Tá inspirada, heim.

Bjnho