8.11.07

Ugly Betty

A versão mexicana já me encantava com suas cores gritantes, seus penteados exóticos, caras e bocas em profusão e, claro, com todo seu overacting, que novela mexicana sem mega-fake-atuações não é novela mexicana. "Maria, nós não podemos nos casar!!!" (lágrimas). "Ohhhhh, mas por que, José? (pronuncia-se Rossê). "Porque... porque... porque SOMOS IRMÃÃÃÃÃOOOOOOS!". Coisas do gênero. Aí que uma produtora de séries estadunidense (se não me engano envolvida com Penélope Cruz) descobriu Betty, A Feia, pérola da teledramaturgia latina, e adaptou-a ao gosto americano _ e, conseqüentemente, ao padrão televisivo que impera mundo afora, pelo menos junto aos que têm TV a cabo. Devemos dar o braço a torcer: os gringos manjam do assunto. Ugly Betty é absurdamente irresistível, engraçado, comovente e clichê dos clichês.
Para quem não conhece a trama, vejamos: Betty é inteligente, competente, profi pra caralho, mesmo nunca tendo trabalhado na área onde se formou (qualquer coisa entre jornalismo e moda, like a Devil wears Prada). Mas, é claro, como diz o nome da série, a muié é um bagulhaço, monoselha, bigoduda, gorda e ainda se veste... como uma mexicana típica! (hahahaha, que pré-conceito). Com direito, inclusive, a poncho and everything, mega-colors, mega-volumes, muita sobreposição com coletinhos e sapatos padrão masculino.
Ela consegue uma boquinha na maior revista de moda do mundo, como assistente de um galã playboy que só pensa em comer a mulherada. Como é feia, o gajo inventa de dispensá-la, mas, como não pode demiti-la, faz o Capitão Nascimento e apronta o demônio até a moça "pedir pra sair".
No fim tudo dá certo, o cara reconhece o talento da medonha e a recontrata, provocando a inveja-monstro de mil vagabas lindas e anencéfalas que trabalham no mesmo lugar (e cobiçam o cargo de Betty).
Não há como não torcer pra taturana-girl, não há como não querer que ela consiga dar a volta por cima, que depile o bigodón, que vá ao Cláudio Sobrancelhas se arrumar, que emagreça, pare de comer donuts e invista em modelos mais interessantes (ou menos bizarros). Que pelo menos penteie o cabelo, ó, meu Deus! Porque ela é um amorzinho, uma fofa, conquistou a América e vai conquistar o mundo (pelo menos o mundo da cultura pop). Viva Ugly Betty (em inglês é bem mais chique, né?).

P.S.: Se os americanos dão show de bola comprando idéias alheias, o contrário, no entanto, é absolutamente lamentável. Vide a versão nacional da adorável Desperate Housewives, ambientada na Terra dos Hermanos. Podre

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