20.9.07

"Amiga, sou eu, o Gegê!"


Gente, assim, ó: eu sei que não é nada bonito tripudiar do trabalho, do suor e do esforço alheio; sei também que ninguém é perfeito, todos cometem erros, tropeçam, caem, capitulam diante das adversidades da vida. Sei que todo bom macaco deve olhar para o próprio rabo, e quem sou eu, ora bolas, para apontar meu dedinho petulante às feridas do vizinho? Mas não dá. Desta vez, não dá. E o blog é meu, convenhamos, posso sentar a lenha em quem eu quiser.
Em se tratando de "Jornalismo", eu, como representante da categoria, diplominha guardadinho numa pasta esquecida no canto do armário, posso discordar da linha de pensamento de gente como Clóvis Rossi, Ricardo Kotscho, Mônica Bergamo, Rosana Hermann e Nina Lemos, for example, quando achar necessário. Posso até sentar a lenha em seus respectivos lombos, também pelo caráter público destas celebridades da comunicação - que chegaram onde estão não foi por incompetência nem falta de talento, vamos e venhamos.
Posso também falar de minhas próprias (e inúmeras) mancadas, nas de meus coleguinhas de redação, nas do marido (coisa que faço com freqüência, mesmo sem ele pedir). Mas quando retornei a terrinha natal, tenho me surpreendido cada vez mais com o (baixo) nível dos colegas de press que habitam estas plagas. Céus, é coisa do demo, arco-da-velha, da pqp, do diabo a quatro, cão chupando manga, o horror, o horror! Prato fartíssimo para qualquer um destes sites que vão do Kibe Loco ao Xingatório da Imprensa.
Mesmo assim permaneci (mais ou menos) em silêncio durante todo o tempo do blog (pouco mais de um ano), sendo que neste período tive oportunidades ímpares de satirizar com pessoinhas da pá virada que lançam mão das mais nonsenses expressões jamais criadas na literatura brasileira (vide "dragão de sete cabeças" e "farol de milho").
Mas hoje não deu pra agüentar. Caras, não me é possível suportar tamanho rojão sem dar uma zoadinha básica no bloguinho mais debochadinho de Shark Blue City. O pior (ou melhor?): a pérola foi escrita por uma criatura NÃO-JORNALISTA. Trata-se de um jornal diário que, dizem, já viu dias melhores e hoje se mantém contratando qualquer maluco que bater à porta. A garota já é famosa no meio por sua "exuberância" na hora de redigir suas "matérias" e pelo "excesso" de "aspas" em seus textos "medonhos".
A notícia era a seguinte: ontem a cidade foi uma das contempladas com o credenciamento para realizar tratamento oncológico, coisa pela qual vinha lutando há bons anos. Legal, excelente notícia, palmas para todos, ipi, ipi, urra. A lindona abre com a seguinte pérola (nomes serão omitidos):

"Redação do XXXX, exatamente 15h30min. Telefonema 1: "Amiga, sou eu, G. Olha que coisa mais linda: o hospital foi credenciado pelo SUS. Graças a Deus! Se a irmã quiser já pode começar amanhã mesmo".
Redação do XXXX, exatamente 15h35min. Telefonema 2: "Z., sou eu, A. Graças a Deus, à Nossa Senhora Aparecida, a todos os santos e mais um monte de gente. O credenciamento do hospital saiu!".

Sacaram? Vamos traduzir para os que caíram de pára-quedas por aqui. O assunto é sério. Seríssimo. Foi uma grande conquista para a cidade e vai ajudar a um bando de gente que faz tratamento quimioterápico e que tinha que ir a Floripa todo dia. A gata, no entanto, parece estar falando dos organizadores do jantar-dançante da comunidade, que conseguiram a doação de mais um engradado de cerveja (uhu, caraca, gata conseguimos!).
Não bastasse, vamos aos nomes. G. é deputado. DEPUTADO! E ele chama a TODAS as mulheres do mundo de coisas que vão do "amiga" ao "princesa", passando pelo gata, cheirosa, gostosa, coisinha do papai e meu chêro. Whatever, você aí, que escreve pra qualquer jornal de bairro do mundo, deve saber que isto é IRRELEVANTE, ele podia tê-la chamado de puta, e aí?
Mais uma: A. é um secretário de Estado, famoso por sua fervorosa religiosidade. Se eu fosse ele, mandava massacrar a louca que o ridicularizou por tão desnecessários comentários extras.
Outra: há de se destacar o caráter politiqueiro da conquista, agora só vai dar gente querendo ser o pai da cria. Por um acaso, os dois políticos amigooooos da repórter são do mesmo partido, o que dá uma cara meio tendenciosa (meio?);
Para acabar com esta palhaçada: cansei de observar o que eu achei absurdo neste lead fantástico que vai entrar para os anais do jornalismo bizarro de Shark City. Desde a primeira frase até a última, tudo é tão absurdo que ainda não entendemos como a universidade que forma jornalistas, aqui na região, e o sindicato da categoria ainda não pularam nos pescoços destes hereges, exigindo fechamento imediato daquela pocilga. Mas aí seria ruim. Com o que nos divertiríamos (ou nos horrorizaríamos) todos os dias?



P.S.: Argh, bem que eu tentei dar um print-screen básico, mas o resultado fica muuuito ruim, então esqueçam. Ódio.
P.S.2: Conseguiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!! Hahá!


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