29.7.07

Na lata

A moça, aquela "brunette belzebu" da paulicéia desvairada, sabe ser franca como ninguém. Já dizia um sábio que Charlotte não tem papas na língua. Regada a uma Bohemia gelada, então, a mulher pira o cabeção e desova qualquer podre alheio que lhe surgir pela frente. Eis que, bela noite, Charlotte, the bad girl, em companhia da inseparável amiga de longa data Carol C. (há longos ONZE ANOS, ou 12, nem sei mais), encontra um conhecido com quem não conversava há muito tempo. Papo pai, papo vem (e por razões óbvias vamos evitar, aqui, dizer o nome do infeliz indivíduo), eis que o moço revela o que tinha feito nas últimas semanas.
- Fiz um projeto gráfico muuuuuito legal pra um jornal!, disse o moço, radiante, com duas estrelinhas brilhando no lugar dos olhos.
- Ah, é?, retrucou a moça.
- É. Acho que você até conhece o jornal. É O Beltrano. Manja?, questionou, ansioso pela avaliação da jornalista expert no assunto.
- Hum. Sei., cortou Charlotte, ainda numa vã tentativa de parecer educada e cordial, mas já com o sangue congelado: ela conhecia O Beltrano, havia observado a nova diagramação e, bem, digamos que não havia aprovado, de um todo.
- E aí, cara? O que achou? Ficou legal, né?, arriscou o mocinho bem-intencionado. Aí não deu mais pra resistir à pressão. Charlotte atira suas madeixas (na época, ainda onduladas) para cima, com um sopro delicado, toma um golaço da Bohemia congelante, suspira fundo e lança:
- Olha, achei uma merda.

Juro que é verdade. Carol C. pode confirmar, se necessário.

Nenhum comentário: