3.7.07

Modismos bizarros

Botas de astronauta, uísque com red bull, raves, festas diurnas, piercing na língua, tattoos tribais, emoboys, band boys, drogas sintéticas, batom raio-laser, corte moicano - não é de hoje que pessoas do mundo inteiro, de cabo a rabo, foram, e ainda são, tomadas por modismos dos mais diversos e curiosos. Modismos porque se tratam de objetos, atitudes, produtos e afins, que ganham as ruas subitamente e, quando se pensa que vieram pra ficar, desaparecem sem deixar vestígios. Estão aí os suspensórios coloridos e as polainas de tricô, que não me deixam mentir (e quem viveu os 80s sabe do que estou falando).
O que descobri recentemente, no entanto, quebra um tantinho com a estrutura do "modismo" como fenômeno social. É o retardo na proliferação do modismo. Explico: quando morava na Ilha da Magia, lá pelo fim dos anos 90, surgiu uma maniazinha irritante, por parte de alguns burguesinhos de boate, de circular com um belo charutão pseudo-cubano pendurado no canto da boca. Até confraria para acolher os simpatizantes deste costume foi criada. E até aí tudo bem (!). Surpreende-me que, mais ou menos 10 anos depois do charutão ter irritado olhos e narinas na capital catarinense, eis que o cigarrão encorpado aterrissa em Shark city. E quem o ostenta entre os dedos o faz como se sentisse a última batatinha Pringles do tubinho.
Outro hábito bastante curioso teve certa receptividade em grandes (e médios) centros urbanos sul-brasileiros no início dos anos 2000, o secular (ou milenar?) narguilé, na minha opinião nada mais do que um belo objeto de decoração. Eis que, quase adentrando 2010, o cachimbinho de água cheio de marra também visita minha querida e bela (e atrasada) cidade interiorana. Dia desses um grupinho animado (e constrangido) de universitários se revezava na estrovenga, sorvendo fumaça, sentadinhos num cantinho do meu bar predileto. O motivo era óbvio: quem conhece sabe que lá não entra alma viva, ou seja, os meninos não queriam "pagar mico" com o troço exótico e escolheram o point mais isolado da city para testá-lo. Cômico.
Já disse pro pessoal aqui que, daqui a 20 anos, a galerinha de Shark e adjacências vai descobrir uma coisa óteeeeema, que são os diários virtuais. Ou blogs.

Nenhum comentário: