21.3.07

Mulher que é mulher

Para Madame Louise, a mulher só adquire valor e status perante a sociedade quando sabe fazer "diuntudo". E "diuntudo" é a expressão equivalente a ser "pé de boi" e "mão de grosa", no idioma dos Teixeira. Mulher que é mulher tem que saber cozinhar, passar e lavar, mas também levar na flauta sua carreira como alta executiva; mulher que é mulher tem que saber bordar, crochetar e tricotar, e também satisfazer um homem em todos os sentidos, na cama, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê. Mulher que é mulher é mãe, é dona-de-casa, é estudante ou bacharel em qualquer coisa (o diploma é fundamental), é CASADA (indispensável) e ganha bem. Mulher que é mulher sonha com um dia de 48 horas, se desdobra em mil para realizar todas as pequenas tarefas ao longo do dia, sem deixar absolutamente nada para trás, mesmo que ao longo de alguns anos vá parar, alucinada, em algum hospício da região, com estafa crônica. Mulher que é mulher reveza avental e jaleco, aspirador e microondas, computador e batedeira. Em suma, mulher que é mulher, na opinião de Madame Louise, tem que ser, assim, a personificação de uma Denise (sem sobrenomes, para não comprometimento de imagem). Denise cozinha. Denise costura. Denise borda. Denise trabalha fora, cuida da filhota, do maridón, dos afazeres domésticos, paga contas, faz jantares, leva o carro para a mecânica, troca a lâmpada, pinta paredes e ainda faz cafuné. E mais: Denise tem um up, que nem toda mulher que é mulher tem. Ela possui uma habilidade incrível, existente em apenas uma em cada um milhão de criaturas nascidas no sexo feminino: mãos de fita métrica. Basta verificar os armários de roupas de Denise. Lá, as roupas se exibem, orgulhosas, perfumadas e muitíssimo bem passadas. E alinhadas como um pelotão bem treinado. As peças de roupa de Denise, do maridón e da filhota estão milimetricamente ordenadas, por cores, por tecidos, por tramas, por tamanho. Cuidadosamente dobradas uma sobre as outras, seguindo um rigoroso padrão geométrico. Algo invejável. Algo impossível para mulheres como eu, nem tão mulheres que são mulheres (snif), de acordo com Madame. Até as gavetas de Denise são assim: sutiãs de bojo ao lado de sutiãs de bojo; meias brancas com meias brancas; calcinhas dobradas e passadas. Sim, eu espiei as gavetas de Denise. Shame on me! (by Cíntia T.)

6 comentários:

Anônimo disse...

Oi Cíntia!

quem tem dom p/ usar as palavras, tem. E ponto final.
Adorei esse texto.
Mas será que essa Denise, é tudo isso mesmo...?
A Madame Louise pode estar exagerando...
Abs,
Adoro teu blog!!!
Denize (com Z)

Anônimo disse...

Amiga
Não posso me calar, pois fui testemunha de uma dessas falácias de Madame Louise, "o guarda roupa da Denise é impecável, é tudo certinho, uma roupa em cima da outra tudo medidinho..." rsss
Abraços,
Grasi

Anônimo disse...

Isso por vcs não viram a salada de repolho que Denize faz........
As folhas picadas são EXATAMENTE do mesmo tamnho.......
Ela é show de bola.......

Deia

Anônimo disse...

Olá Cíntia!
Trabalho junto com a Andrea..
Adoro ler suas histórias a respeito da Madame Louise, acho o máximo, quando começo a ler fico louca, a maneira como você descreve os fatos é muito legal, consigo imaginar cada cena ou situação na medida que vou lendo, é contagiante, fico rindo de cada palavra ou atitude da Madame e sempre querendo mais.
Nos minutos que paro de trabalhar para entrar no seu blog esqueço dos tantos problemas e consigo relaxar com minhas gargalhadas na frente do computador...
Parabéns por este dom... não te conheço pessoalmente, mas acho vc uma pessoa incrível!!!

Sabrina Oliveira.

Imediata disse...

Argh, explodindo de tanto orgulho... só posso agradecer o prestígio, queridas! Denize, pensei em perguntar pra Deia o jeito exato de escrever teu nome, mas saiu assim mesmo...
Grasi, este esforço de negar suas habilidades como super-mulher é excesso de modéstia da Denize, deixa assim mesmo...
Deia, só tu mesmo pra regular o TAMANHO do repolho!
Sabrinha, não vão faltar oportunidades para nos conhecermos (e quem sabe rola um textinho falando de você também, né?). Hihihihi... obrigada, mulherada, e continuem prestigiando!

Feérica "Psychedella" Fuzilêra disse...

Orgulhemo-nos de nossa feminilidade!