27.10.06

Lemingues

Quando nos conhecemos, já de cara não o achei o sujeitinho mais simpático do mundo, sempre com um Marlborão pendurado no lado da boca (ou atrás da orelha, o que era o ó) e olhando o mundo por cima das lentes do óculos. Gostei foi da inteligência aguçada e do humor sarcástico. Mais tarde descobriria, nestas coincidências curiosas que só acontecem com almas gêmeas, que eram justamente estas duas características que ele havia apreciado em mim, ao me conhecer (ok, meu corpinho dourado de sereia e meus olhos oblíquos também ajudaram a fisgá-lo, claro). Desde então, e mesmo não namorando, não nos desgrudamos mais (embora ele não tolere estas reminiscências do passado). Demonstrando uma arrogância de integrante de banda inglesa, ele passou a denominar as meninas da turma (eu entre elas) de um termozinho muito do engraçado: lemingue.
Lemingues são pequenos roedores, que tem como a distante Escandinávia o país de origem. Diz uma lenda obscura (não faço idéia de onde se tirou isto) que os lemingues são tão burrinhos e maria-vai-com-as-outras que, caso o líder pule de um abismo, todos pularão logo atrás, na mais cega obediência. Aí que a turminha vivia em pequenas boates e danceterias da night tubaronense. Bastava um se animar que todos se organizavam e iam atrás. Eu ia atrás. Ele também ia. Mas só nós, os outros, éramos lemingues, não ele.
O tempo passou, as boates foram fechadas, o romance engatou de vez, ficamos velhinhos, cansados. Paramos de fumar, de virar noites em mesas de bar (até meia-noite ainda rola), de embarcar em situações mezzo aventura mezzo mico a bordo de automóveis alheios e junto a pessoas de teor alcoólico significativamente mais elevados que o nosso. Ele já não usa seu termo preferido para me rotular. Mas ainda formamos nosso grupinho de lemingues fiéis, todos seguidores dos líderes de ocasião (vai depender do dia, pode ser qualquer um de nós), sempre dispostos a embarcar no restaurantezinho caro mais próximo gastando R$ 80 em chopp, a passar poucas e boas horas de puro papo furado na nossa mesa preferida no Laio´s ou a freqüentar jantares os quais nem estávamos a fim de ir, realmente. Somos todos lemingues sempre, de maneira diferente, ao longo de toda a vida. Mas quem disse que é tão ruim assim se atirar nos abismos do meio do caminho, eventualmente? (by Cíntia T.)

Um comentário:

Anônimo disse...

Lemingues, lemingues, lemingues!!!!! hahahahahahahaha Tô com preguiça de pensar em algo mais elaborado pra postar aqui, amigaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.... rs Mas adoreiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk