10.6.10

Doctor Dolittle

O vizinho novo fala com o gato. Tá, grandes merdas, eu poderia dizer. Quem tem bichinho em casa sabe das dores e delícias que é conviver com um monstrinho peludo e indomável que em poucos dias de vivência torna-se senhor dono absoluto de seus impérios (no caso, os SEUS impérios, do humano supostamente dono da criatura). Claro que a Nina é minha dona, ama e senhora, e é com ela que eu passo um bom tempo batendo longos papos-cabeça, quando não tenho nada melhor pra fazer. Tipo, perguntar "a menina é da mamãe?" ad infinitum até o dia em que a sem-vergonha virar pra mim e dizer "não, porra, eu sou CACHORRO e você é gente (ou quase isso)", mas deixa quieto.
O negócio é que o vizinho novo, um homem adulto, faz vozinha de debilóide com o gatinho dele. E só então que eu pude perceber o quão ridículo é pagar de Doutor Dolittle assim, publicamente. "Bebê qué comê, qué? Bebezinho do papai...", em falsete e com uma overdose de meiguice e ternurinha embutidas que, ó, difícil não "gorfar". E aí lá vai ele pro microondas esquentar a papinha do bebê-gatinho, pelos miados exigentes de fome já nem tão bebê assim. Aí o bebê não come, ele volta, confere a tigela e replica: "Óin, o bebê não vai comer?" e remexe, remexe. Aí ele mesmo responde: "É que tem que ser fesquinho, né? Fesquinho". E bóra preparar outra tigelada no microondas. O bichano é exigente.
Aqui em casa não é assim não. Ração molinha só aos fins de semana e em datas especiais (tipo na Quarta-feira do Cachorro-Quente ou na Terça-feira de Big Bang Theory). E se roer a porta de novo, só ganha meio bifinho. E chocolate só depois do jantar!
Agora dá licença que vou lá dar um bifinho de peru pra menina da mãe...


"Bem fesquinho, né?"

3 comentários:

Anônimo disse...

kkk...a Nina ta com cara de chefe da rebelião!

Lari :) disse...

Qual a raça dela?

Lari :) disse...

Qual a raça dela?