20.12.08

É Natal em Shark city

* "Um Feliz Natal", do Ivan Lins, é a nova "Então é Natal", da Momone. Por que precisamos de hits nesta época do ano? E por que não ficamos satisfeitos com a velha e boa Jingle Bells? Todo mundo cobre o Papai Noel de veludo vermelho e barba volumosa fake e simula neve com chumaços de algodão no pinheirinho, compra nozes e avelãs e se entope de aves exóticas e frutas importadas, mas na hora do cancioneirismo temático sempre tem um malandro oportunista que aparece para faturar uns trocos e (tentar) reerguer sua já decadente carreira. Ok, eu não suporto Ivanzão e Simone, não há toa sou fã desta comunidade aqui.

* Após anos alheia às comemorações pré-Natal tão típicas de Shark city, rendi-me ao mainstream local e aderi firmemente ao milho verde. Pré-Natal em Shark não existe sem boas, salgadinhas e roliças espigas de milho, "voltinhas" (ou arrodeios, como diria G.girl) pelas principais ruas do Centro, muita vitrine, muita sacolada e muito bate-quadril com a galerinha generosa que se entope de dívidas para presentear do enteado punheteiro ao cunhado beberrão. Sacolas das Casas Bahia, Magazine Luiza e lojas de calçado (a especialidade do município) são mato.

* E por falar em circular pelo pujante comércio local às vésperas do aniversário de Cristo, também urge imbuir-se de mega-paciência com a massa nervosa de pedestres, nervosa, mas não apressada, que gosta de perambular gostosamente e muito vagarosamente, em bandos, de braços dados, ocupando toda a extensão das calçadas, riso frouxo.
Não bastasse o volume atordoante de sacolas, que dificultam a ultrapassagem dos mais impacientes, existem os quadris, as super-bundas, que se durante o ano inteiro passam sentadas forrando-se de pãezinhos e coxinhas, no Natal ganham o mundo e as calçadas de Shark city. É quase impossível chegar a seu destino sem deixar de encoxar rabos assustadoramente volumosos, sátiros, como que obscenos, surreais.

* Na última quarta cruzei com o que me pareceu ser o cúmulo do oportunismo natalino - e já não estamos mais falando de Ivan Lins. Vestindo um conjuntinho de tecido sintético vermelho de regata e calça, botas de plástico pretas e uma barba lastimável, sustentando um saquinho encardido nas mãos, um Papai Noel mendigo. Mas repleta de luz, bondade e magia natalina, pude enxergar além de sua mendicância: dinheiro ele só pede aos lojistas, em forma de moedas, doces ou pratos de comida; às crianças, ele dá balas, como todo bom velhinho...

Um comentário:

Maite Lemos disse...

Vai dizer q saiste comendo milho pelo meio da rua?!
Cristo!
Se tem uma coisa q me estraga o Natal é esse fedor de milho verde q toma conta da cidade.
Será q existe disso em outras cidades?
bjnho... e feliz natal.