18.7.08

Erasure, o celular e o motoboy

Aí a morenaça belzebu mais alisada ever - sempre ela - resolve quebrar o marasmo da noite de quarta-feira com a seguinte pérola:


Eu: Então, Manékia diz que todas as músicas do mundo são dela, a fazem lembrar de bons momentos de sua vida. Seu "hino", por exemplo, vejam só, é a breguérrima "Deixa a vida me levar, vida leeeeva eu...", cantarolei.

Esperta e antenadíssima, Charlotte rebate, muito defensorinha das raízes da Música Popular Brasileira:

- Ah, mas essa tudo bem, né? Martinho da Vila é legal.


Silêncio...


Manékia quebra o gelo observando:

- Mas isso aí é Zeca Pagodinho...


Ok.


Com a chegada da nova integrante do clubinho mais restrito do mundo, Talita, os ânimos se inflamaram. Skolzinha vai, Skolzinha vem, acabou o estoque.

- Liga pro motoboy e pede maaaaais! Eu pago! - bradou a nordestina latifundiária e cacaueira.

Charlotte, obediente e já de boca seca, se agarra ao telefone e encomenda mais uma dúzia. Quando o motoboy chega, no entanto, não havia troco para uma das inúmeras notas de R$ 100 de nossa rica anfitriã. Belzeba se agita:

- Mas como assim? Eu PEDI troco! - garantia, categórica.

O jeito foi o rapaz deixar seu próprio telefone celular como garantia, até trazer o devido troco. Aí começou a festa.

Primeiro porque, de posse do celular, e esquecendo momentaneamente conceitos importantes como respeito ao próximo, tratei de fuçar as mensagens do rapagão. Eram duas. A primeira dizia:

"Fiquei muito preocupado com você, princesa. Chegou bem no castelo?".

Achei fofo, bonitinho, mega-romântico, uma graça. Aí, a segunda mensagem, em caixa alta:

"VOCÊ É CASADA???".


...


Charlotte, a DJ nas horas vagas, trata de zapear o cellphone do rapaz em busca de hits musicais. Tinha Aerosmith, tinha Engenheiros do Hawaií e tinha até MV Bill, que o mano não era fraco. Mas aí descobrimos Erasure:


A Little Respect


I try to discover

A little something to make me sweeter

Oh baby refrain

From breaking my heart

I'm so in love with you

I'll be forever blue

That you give me no reason

Why you're making me work so hard

That you give me no

That you give me no

That you give me no

That you give me no

Soul, I hear you calling

Oh baby please

Give a little respect

To meeeeeeee!!!!!!!!


Vibramos, ensandecidas com o revival oitentista. Cafofo de Manékia transformou-se em boate badalada. Todo mundo rebolando até o chão. Toca o interfone.

"Ai, o celular do rapaz!", gritamos, as quatro. E quem diz que a técnica em telefonia celular nas horas vagas, Charlotte C., conseguia desligar a geringonça? Aperta daqui, aperta dali, e o motoboy subindo.

Me escondi atrás do armário, riso convulsivo, vergonha absoluta.

A gênia da Charlotte calculou que seria interessante trancar-se no banheiro com o celular disparado nas mãos.

Manékia conseguiu recobrar um tantinho de bom senso e esmurrou a porta do bathroom exigindo o telefone, enquanto "A Little Respect" tomava conta de todo o ambiente.

O rapaz, já na porta, felizmente gargalhava.
A morenaça, um quê constrangida, abriu uma micro-frestinha da porta, esticou o braço e entregou o telefone a uma nordestina em pânico, com o sonzinho no último volume.
Celular entregue, desculpas sinceras aceitas, e reparamos que o bofinho se encontrava com o zíper abertíssimo.
Desfaleci...

Alguns goles depois, decidimos, finalmente, ir embora. No caminho, brunette lembrou-se de solicitar os préstimos de um mototaxista, que o conduziria até sua residência.
Enquanto esperávamos, ríamos da noite conturbada, torcendo para não cruzarmos mais com o mocinho do celular do Erasure, pelo menos nos próximos meses.
A moto de Charlotte desponta na esquina da padre Bernardo. E adivinha quem era o motoboy?

7 comentários:

Unknown disse...

Mentiraaaaaaaaaa!!!!!
hahahahahahahahahaha
Uma noite nessas só acontece com vcs mesmo heim?!?!?!?!?
Adoooooooro!
Bjs!

João Lucas disse...

Contadas ou blogadas as histórias ganham dimensões incríveis. Igualmente divertidíssimas.
Capricha.

Talita Jones disse...

Charlotte????
Não dá pra escrever nada, só a lembrança do som do Erasure "abafado" no banheiro já é o suficiente pra morrer... DE RIR!

TÁ FODA!!!!!

Um dedo de prosa disse...

Morri na Sapucaí...

João Lucas disse...

Sugestão à autora:
"The little child" é bacana, mas podes variar tbm para o "The Youngest",aí emenda com a faixa etária de seus habituês.
Ã, ã, ã, ã?
:)

Anônimo disse...

Sacanagem....Eu tb tenho em mp3 e ouço constantemente "Little Respect" entre outras do Erasure, tá???? Magoei....rs

Matheus Madeira disse...

1 - Tudo mentira;
2 - Diz pra Germana não citar o nome da Sapucaí em vão;
3 - Ninguém teve a idéia genial de desligar o celular tirando a bateria?;
4 - Vocês pedem cerveja pelo moto-taxi???