6.5.07

Pato Purific

Aquele dia parecia não ter fim. Depois de quase levar uma encoxada safada de um tipinho tarado no meio de uma rua escura, Carla C., cuja vida é repleta de acontecimentos dos mais extraordinários possíveis, e nas horas mais inapropriadas, suspirou fundo, atirou o cabelón alisado para trás, e pensou: nada é tão ruim que não possa ficar pior. Estava certa, ela...
Sexta-feira é um dia dramático para nossa jornalista/english teacher/self-made girl. É quando a morena encara o pior desafio da semana, três aluninhos classificados como totalmente dispensáveis: todos fúteis, sem objetivos, com mais de 20 anos, sem cursar faculdade, uma deles é fanha, o outro tem um psicólogo em sua cola 24 horas por dia (deve ser gay, disse ela), e a terceira é uma matuta do nosso querido e belo vale, que se acha na cidade grande quando vem a Shark city.
Finda a aula, a moça jogou-se no banheiro, onde lavou o rostinho delicado de porcelana, refez rapidamente o make-up (só gloss) e, repaginada, foi-se embora. Desfilou por vários minutos corredores de shopping afora, deslizando pra lá e pra cá com seus pezinhos delicados. Curiosamente, percebeu que atraia muito mais olhares interessados do que a média: neste dia, tanto homens quanto mulheres, crianças e idosos simplesmente a devoraram com os olhos, com volúpia, tesão e desejo. Pelo menos aparentemente. Só no meio do caminho para casa é que a moça percebeu que um sachê de banheiro (aquele mesmo, de se encaixar na privadona, pra perfumar) estava estrategicamente enroscado na alça de sua bolsa, ainda pingando, manchando a indefectível calça jeans e a bolsa, e exalando um agradabilíssimo perfume de desinfetante. Ó, céus...
Ainda aborrecida com o banho de sachê de privada, Charlotte C. fez pouco caso do moço (35 a 40, aparentemente) que, a bordo de um Palio branco, simplinho, entrou na primeira rua à sua frente, estacionou e saiu, com as mãozinhas na cintura, como se procurasse por alguém. Ao passar por ele, no entanto, a surpresa: Ô, gostosa, gostosa, gostosa, gostosa! Tão insistente que nossa heroína não resiste, vira para trás pronta para detoná-lo com todas as expressões de baixo-calão de seu vocabulário ("vai se catar" e "se liga!") e se depara com uma cobra molenga e comprida balangando pra lá e pra cá na mão do moço, que com voz luxuriante, continuava apelando: "ô, gostosa, gostosa, vem cá...". Lástima das lástimas. (by Cíntia T.)

Um comentário:

Anônimo disse...

porcaria seu blog