Nasci às 7h45 de uma quinta-feira de outono, em 4 de maio de um já tão distante 1978. De acordo com o João Bidu, responsável por iniciar milhões de pessoas, no Brasil, às artes da astrologia, sou taurina, ascendente em Gêmeos, e no horóscopo chinês meu signo é o Cavalo. Você pode até me apresentar teorias das mais elaboradas mostrando que a posição de determinados astros e estrelas celestiais, no exato momento em que você nasceu, tenham influenciado de alguma maneira seu jeito de ser e de agir, sua personalidade e suas características mais marcantes. Fique com estas teorias, portanto. Eu, particularmente, me recuso a acreditar, ou sequer tentar entender, o cultuado universo das forças astrais. Detesto. Acho brega, coisa de empregada doméstica (sem querer desmerecer a categoria, for god´s sake). Na minha fantástica cabecinha imaginativa eu relaciono horóscopo com um quartinho 2x2 com um pôster do Amado Batista (ou do Kalipso, sejamos mais modernos) pregado na parede. Pessoas que gostam e acreditam em horóscopos pintam as unhas das mãos e dos pés de manga-rosa, têm o cabelo descolorido bem maltratado e usam legging sem cobrir a buzanfã. De botas mega-plataforma.
Ok, desconto para o desprezo com os fãs da astrologia. É que esta “ciência” (há!), especificamente, na minha humildíssima e taurina opinião, é um pouco pior que religião. São fatos desarrazoados baseados em teorias não muito sensatas, sem qualquer credibilidade e/ou respaldo científico. Acredita quem quer, assim como os que freqüentam cartomantes ou os jogos de búzios.
Probleminha maior é quem pauta sua vida em razão das previsões astrológicas para seu signo. Exemplos constrangedores: há alguns anos, fui visitar minha querida amiga Jane Marie em seu novo apartamento, o qual dividia com algumas moças até então desconhecidas, para mim. Chegando lá fui recepcionada por uma vizinha, que já havia se apresentado e feito “amizade” com as novas moradoras. Eu sento no sofá, a guria, que ficou meio enciumada, me olha dos pés a cabeça e lasca: “De que signo você é?”. Eu, já levemente nauseada, respondi polidamente. “Tour...”. Não acabei de concluir a palavra e a moça solta: “Ai, eu ODEIO quem é de Touro!”. Meu queixo caiu em algum lugar entre o chão da sala e da cozinha. Ela complementou: “Meu pai e minha mãe são de Touro, os DOIS! Por isso que a gente não se dá bem”, concluiu a sábia. Eu já não sabia mais onde enfiar minha carinha constrangida quando minha amiga veio ao meu socorro. É claro que a moça não batia muito bem, mas acredito que a crença em astrologia havia piorado seu estado de espírito e sua relação com outras pessoas.
Ainda há poucos dias alguém soltou a pérola, perto de mim. “Nossa, que pessoa interessante, é bonita, inteligente, bem-humorada... SÓ FALTA SER DE ÁRIES!”. Hahahahahahaha! Como se a pessoa, perfeita do jeito que parecia ser, precisaria necessariamente pertencer ao signo de Áries – tipo pacote completo.
Também há poucos dias coleguinha de trabalho metido a astrólogo afirmou com convicção que “o signo de Aquário é o melhor do zodíaco. O melhor. Não há ninguém melhor que os de Aquário”. Não preciso nem comentar, não é mesmo, minha gente?, com todo respeito que tenho pelos aquarianos, incluindo aí meu amorzinho, a Juju.
O pior de tudo isso? Trabalho num veículo de comunicação e acompanho mais de perto o trabalho dos ditos “astrólogos” em enviar suas previsões “diárias”. Diárias o caráleo, os joãos-bidús mandam um pacotão de previsões para o mês todo, e muito mais, às vezes. Putz, como é que funciona isso? E devo admitir: em alguns momentos da vida, revisando páginas aqui e acolá, euzinha mesma fiz a Bárbara Abramo e escrevi, de próprio punho, as previsões para um dia repleto de realizações e/ou tragédias iminentes para o seu signo regente. Olho vivo...
A dica é: se nada parecer muito promissor e as previsões apontarem para um inferno astral sofrido, é só partir pra macumba. Ou a Cientologia.
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