6.10.09

O bom companheiro

Parece até uma daquelas amiguinhas da adolescência, com quem cruzávamos a cidade de braços dados, olhando vitrine, e com quem passávamos horas a fio penduradas no telefone após uma manhã toda lado a lado da sala de aula (né, Lô?). A diferença é que agora somos pessoas maduras e bem resolvidas, ricas e com carro imaginário na garagem. Também falamos muito mais sobre sexo - e com mais conhecimento de causa. Quer dizer, falamos uma vírgula: ELE fala. Fala muito. Tudo deriva do sexo e ruma pro sexo. Uma putaria só.
No início confesso que estranhei. No meu universinho até então praticamente todo composto por amiguinhos do sexo feminino, V. chegou destoando. Porque não tem falsos pudores e moralismos vãos. Mas isso só fui perceber depois. E quando se percebe, meus amores, V. se torna indispensável em qualquer vidinha que precise urgentemente sair da monotonia.
Tornou-se meu parceirinho para o que der e vier. Jura que vai me fazer encontrar o príncipe encantado (e é exigente, só considera homens loiros, olhos azuis e com mais de 1,80m, como se eu estivesse podendo tanto, haha). Por via das dúvidas - e para nos blindarmos contra a solidão, programamos casório: em cinco anos, se nada de bom acontecer, iremos unir os trapinhos. Queira Deus que um sapo qualquer me despose até lá.
Em nosso último encontro, uma de suas hilariantes tiradas. A amiga sugere que ele se apresente ao novo vizinho (que tem namorado, mas "não dá nada").
"Você bate na porta com uma xícara na mão e diz: Moço, tens açúcar?"
Rápido e rasteiro, e sempre muito prático, ele sugere outra abordagem: "Que nada. Melhor bater na porta com uma camisinha na mão e perguntar: Moço, tens um pau?". Este é V., em sua mais puríssima essência.