26.4.09

Uma biografia

É fato: mulheres adoram testes. Até aqueles publicados em revistas femininas, de profundidade digna de uma poça de lama, como "Você é uma boa namorada?" ou "Você é ciumenta?" ou "Ele é seu príncipe encantado?". Desde meus doces tempos de revista Capricho que dedico alguns minutos de meus turbulentos dias (haha) para completar testes de múltipla escolha e ler resultados (muitas vezes medíocres) que teoricamente definiriam a minha personalidade (como se eu mesma não pudesse fazer isso).
Mas encontrei, no blog da Renata, um daqueles testes porretas que nos deliciam por nos mostrar exatamente o que queríamos ouvir (ou ler). A trívia indica, após algumas perguntinhas, qual livro nacional você seria. Este foi o meu resultado:

Você é... "Carmen – Uma biografia", de Ruy Castro



Boa história é com você mesmo. Adora ouvir, contar, recontar. As de pessoas interessantes e revolucionárias são as suas preferidas. Tem gente que liga para você só para saber das últimas fofocas. E confesse: com seu jeitinho manso e detalhista, você dá aos fatos um sabor todo especial. Além disso, não se contenta em reproduzir o que já foi dito. Por isso, se fosse um livro, você só poderia ser uma boa biografia, daquelas que faz os leitores deitarem na rede do fim de semana e se entregarem às peripécias de uma grande personagem. Aliás, você já pensou na profissão de repórter? Ou de escritor? "Carmen – Uma Biografia" (2005), sobre Carmen Miranda, é uma das aclamadas biografias publicadas por Ruy Castro, também jornalista e tradutor, considerado um dos maiores biógrafos brasileiros.

Eu adorei. Quer fazer o teste? Clique aqui.

13.4.09

Papanicolau

Final de tarde de uma belíssima quarta-feira ensolarada e decido descer, cruzar a rua e buscar alguns quitutes da padaria. Súbito, entre a pequena multidãozinha que locupleta as calçadas de Shark city na hora do rush (na minha rua são duas escolas, ou três, sei lá, além do portentoso comércio que é marca registrada por estas plagas), uma vozinha se sobressai, dirigindo-se à minha pessoa. "Ei, Cintia!", chamou-me.
Olhamos eu mais quinze passantes, não que se chamassem Cintia, mas pela mera curiosidade inerente ao nosso cotidiano de província. A dona da voz, uma simpática senhora, continua: "Teu nome é Cintia, né?". Eu confirmo, num menear tímido de cabeça. Os expectadores já eram em maior número. Ela acrescentou: "Marquei teu preventivo, tá? Terça-feira, ali no postinho!". E para deixar bem claro, frisou: "Teu PREVENTIVO, lembra que tu pediu para eu marcar?".
Percebi um ou outro risinho sarcástico, "háhá, tá coçando a bacurinha, é?", que, dignamente, tentei ignorar. A senhora em questão é minha mui querida agente de saúde, para quem não sabe integrante deste fabuloso grupo de trabalhadoras do serviço público brasileiro que batem de porta em porta pregando práticas para uma vida saudável e incentivando o povaréu a procurar atendimento médico, quando necessário. Ocasionalmente recebo sua visita para um checkup rápido: tudo certinho? Menstruação ok? Grávida? Alguma doença? Felizmente, até então tudo tem estado na mais perfeita ordem. Percebi, no entanto, certo desapontamento quando revelei possuir plano de saúde. "Mas quando precisares, já sabes, é só agendar comigo", insistia a senhora.
Na ocasião da última visita, tonta devido ao soninho da tarde, impulsivamente aceitei visitar seu QG para um examezinho básico - mesmo tendo passado menos de seis meses de minha última visita ao gineco, o material aqui está zeradíssimo, by the way. Com fortes tendências hipocondríacas, no entanto, cedi aos apelos: "Ok, pode marcar". E esqueci imediatamente do compromisso.
O resto vocês já sabem. E como se não bastasse meu constrangimento público, a querida agente de saúde ainda conclui com esta: "Tem sentido alguma ardência, alguma coceira?". Céus.

9.4.09

Sushi, teu nome é tomate seco

E com esta flexibilidade de horários que Deus me deu estava zapeando a TV por volta das quatro da tarde quando me deparo com o programa A Tarde É Sua. Mais tarde vim a descobrir que a hostess é a Sônia Abrão, daí tu tiras.

Era uma "reportagem". A repórti (vergonha alheia mode ON) entrevistava os convidados para a "festa de inauguração da nova cobertura de Cléber Bambam". Há. A mulher tagarelava com uma criatura para mim totalmente desconhecida. Bom, TODOS na festa eram desconhecidos e faziam fila para serem entrevistados. O entrevistado da vez era de uma dupla sertaneja. Mais tarde vim a descobrir que era ou o Bruno ou o Marrone, juro por Deus que até conheço "Dormi na Praça", mas nunca tinha tido a grata oportunidade de olhar naquelas carinhas. O cara contou que curte Big Brother e que se emocionava com os participantes. "Chorei muito na final", segredou.

Entre os desconhecidos, célebres desconhecidos, como a assistente de palco da Gimezes, something Limonge; Carlão (ex-BBB, hahaha, horas pra lembrar de onde eu conhecia aquele careca marrento) e mais uns dois que me lembraram alguém - é, o programa dá tanta importância pra este segmento profissional (celebridades do B) que acredita piamente serem todos suficientemente populares para não merecerem legenda.

No "buffet", quilos de sushi. Desfaleci. Porque há coisa de cinco, dez anos, sushi ainda era considerado hype. Aí chegou aos ouvidos (e às papilas gustativas) da plebe rude e virou a nova coxinha. Sushi é a rúcula com tomate seco dos anos 90. Lembram? Tudo o que continha "tomate seco" era tido como sofisticado. É o strogonoffe com batata palha dos 80, o melão com presunto dos 70. Porque vou te contar: depois que Cleber Bambam dá festcheenha oferecendo buffet de sushi, meu amor, nem mesmo se o Mioshi se oferecesse pra me alimentar de graça... (mentira)

QI - Triste do povo que tem como referencial de "inteligência" alguém como Priscila do Big Brother. Como assim, Bial, Priscila é inteligente? Não é porque a boa-moça-de-família é mais "vivida" (ou, como diria minha mãe, curtida) que pode ser assim, facinho, classificada como criatura intelectualmente privilegiada. É, mas foi o que ouvi do povo por aí - e de apresentadores de TV também - nas últimas semanas.

7.4.09

O cliente sempre tem razão

A moça, aquela brunette esfuziante, já entrou no supermercAdo de sua preferência chutando o balde - afinal de contas, ela é a responsável pelo pagamento de pelo menos um funcionário, tamanho seu fluxo de compras no estabelecimento.
Resolveu não ser boazinha desta vez. Rumou convicta em direção aos ovos de Páscoa e, lá, descobriu que, na compra de dois, o cliente ganharia uma linda necessaire com o logo da marca, Menino.
Mas dois ovos daquele tamanho (vintão) não caberiam em seu orçamento. "A demonstradora era uma imbecil", sentenciou. "Não sei como selecionam alguém assim, no mundo já não há mais lugar para incompetentes".
Consumidora voraz dos produtos Menino, não se convenceu, no entanto, com a proposta. "DOOOOOIS ovos número 20? Era só o que faltava! A vida toda comprei chocolate desta marca, eu tenho direitos. A necessaire É MINHA!". Foi aí que deu-se início o furdunço.
A demonstradora, já impaciente, resmunga qualquer coisa ininteligível e vira as costas com a chegada de uma colega, representante da marca L, concorrentes na teoria, boas amigas de corredor, na prática. "Ignorou-me sobremaneira. Senti-me um lixo. E o pior: a moça da marca L já chegou dizendo pra reservar uma necessaire pra ela. A MINHA NECESSAIRE! Protestei".
Introduzindo seu corpo esguio (só Charlotte, a morenaça belzebu, pode se dar ao luxo de se entupir de chocolates sem acrescentar grama alguma à cinturita de pilão) entre as funcionárias, que já papeavam animadamente. A paulistana tresloucada gritou: "Como é que é? E eu?".
Enquanto a concorrente dava no pé, assustada, a Menino's girl tratava de desfazer o mal entendido.
Comprando uma única barrinha de Talento, das pequenas, Charlotte saiu do supermercAdo sobraçando sua tão cobiçada necessaire. "A idiota ainda sugeriu que eu escondesse o trequinho do segurança, para não pegar mal. Ah, faça-me o favor! Não tô roubando...".