26.4.08

Inclusão social

Eu gosto de ver como o mundinho tem se tornado mais mundinho a cada década. Gosto de ver minha mãe aprendendo a mexer no computador com a neta de seis anos; de trocar endereços de e-mail com minha madrinha (que está na fase dos pps); de aceitar no orkut o profile da estouvada da tia Susana; de ver pessoas, meio que timidamente, me contarem que acabaram de abrir um blog. Gosto de ver o povo da era do cheque, do carnê e das fichas para falar no orelhão aprenderem a lidar com cartão de crédito e telefone celular. Um dos meus hobbies prediletos é auxiliar alguém a fazer compras pela net. O mundo, mais do que nunca, está tão cheio de possibilidades, tão acessível e tão próximo...
Não gosto é dos excessos, dos perfils de orkut cheio de firulinhas, ilustrações dançantes que cantam alto em suas caixinhas de som e de nomes com muitos agás e miguxês acrescentados. Mas enxergo estas manifestações populares como demonstrações autênticas da tal inclusão digital, que hoje permite acesso a tantos quando, há pouco mais de cinco anos, eram tão poucos.
E não trato aqui apenas da inclusão digital, mas das facilidades de acesso, em todos os sentidos, que estão sendo oferecidas às pessoas - quando de suas vontades. Hoje você não precisa de uma indicação ou de um cartão vip para entrar em lugares supostamente "badalados". Não precisa mais fazer parte do jet-set pra circular em points (visto como) exclusivos. E digo tudo isto porque lembrei do gordito.
Sim. Há alguns meses estávamos eu e marido adquirindo nossa cota semanal de sushis no super de nossa preferência (aquele, do cartão de relacionamento), quando, ao passar pelo cashier, percebo que o mancebo, gorduchinho encaracolado, simpático like a old diva, comenta com uma cliente amiga. "Ah, sushi... tô com saudades de comer sushi, sempre que vou à Moema eu me acabo no sushi". Parei tudo. A tal da Moema é nada mais nada menos que a sócia-proprietária do até então point mais refinée de Shark city, o O Mundo, onde um vinho razoável e dois pratos de risoto saem por duzentinhos - e em uma cidade cuja base econômica vem do salário dos cashiers do comércio (piso: +- R$ 600).
Rimos. Rimos porque quebrou-se a imagem do povo fino do O Mundo, muitos deles na verdade economizando horrores durante a semana para poderem "freqüentar", verem e serem vistos nos findis, suando em bicas para pagar as mil parcelas do jeans de grife e da bolsa badalada.
Sem generalizações: não pensem, no entanto, que o povo de Shark é fútil. Não mesmo (e a cidade carvoeira amiga aqui do lado está aqui para mostrar o que é fútil de verdade). Até porque sharkcitianos não se restringem aos clientes do O Mundo (graças a Deus). São um povo bonito, trabalhador, e que gosta de se divertir pra caralho. Como o gordito do caixa. Do moço delicado, posso dizer que o objetivo em freqüentar a Moema não é o de "impressionar" (hahaha) alguém, mas unicamente o de se divertir.
Confirmei minha teoria num dia desses, indo (ora vejam só) na Moema comer sushi (ué, como eu posso falar sem conhecer?). Quem estava no caixa, todo faceiro e cacheado? O gordito do supermercado. Como funcionário. E inflando de orgulho.

22.4.08

Encantados e desencanadas



Durante um encontro (ou reencontro) realizado aqui em Joinville com a amada professora dos tempos de faculdade, Regina carvalho, ouvi dela mesma uma declaração que ficou martelando muito tempo na minha cabeça. Daquela forma deliciosamente irônica que só ela sabe ser, Regina perguntou se alguma mulher no mundo ainda acreditava em príncipe encantado, ou no velho papo de um único e grande amor. Ouvindo isso, comecei a pensar em todas as minhas crendices, no tempo que perdi imaginando realmente o cara para quem eu jogaria as minhas tranças. Achava que nunca mais amaria como um dia já amei alguém. Bobagem. Até segunda ordem, passei a acreditar em bons momentos , em companhias agradáveis, que nos fazem sentir bem e nos ajudam a crescer como pessoas.O bonde passa, a fila anda, não tem jeito. Já pensando sobre o assunto, ouvi uma frase do “Sex and City” que me chamou bastante a atenção. A personagem da doce Charlote dizia que toda mulher espera o grande dia de ser salva por um great guy. Você acredita nisso? Eu acredito que aquela que pensa desse jeito tem que salva dela mesma.

21.4.08

Ahhhhhhhhhhh, e por que não??????

Deu na Folha (na coluna da Fabíola):
 
Regina Duarte se recusa a protagonizar novela da Globo

Regina Duarte desistiu de fazer Virginia, protagonista da nova novela das sete da Globo, ao saber que a personagem passaria metade da história em coma. Virginia seria mãe das personagens de Carolina Dieckmann, Cláudia Abreu e Giovanna Antonelli. Agora ela interpretará uma governanta, em "Três Marias". Seu último papel na TV foi em "Páginas da Vida" (2006).

 

 

E não ia ser bão dimais? (ok, menos para Manékia girl, fã incondicional da impecável atuação da eterna namoradinha do Brasil)

16.4.08

Assédio

O moço, amigo do peito (vamos aqui chamá-lo de Joe), telefonou-me no fim da tarde relatando um dia difícil. Relatou ele então uma série de acontecimentos memoráveis que certamente vão entrar para os anais das Imeditas (ui!). Seguem:
Todo faceiro, o hipocondríaco rumava em um bus para mais uma consulta médica (são cinco ao mês, nas mais diversas especialidades). Quem conheço o trecho sabe que do Kobrasol ao terminal da Ilha são bons 45 minutos de muita sofreguidão bamboleante. Ok. O moço entra, lindo e impecável como sempre, meias branquíssimas esticadinhas, calça no vinco, tênis novos, camiseta de grife, e ocupa o único lugar disponível no lotação. Ao lado de um sujeito pelo qual não tomou conhecimento. Até...
"Senti que o cara ficava apertando a perna dele na minha. Cara, a perna tava se chegando cada vez mais pros meus lados! Achei melhor fingir que não notava", contou-me, ligeiramente constrangido.
Não satisfeito em alisar as belas coxas de Joe dentro do busão, o desconhecido então (evidenciando uma ereção escabrosa), coçou a cabecinha de sua ferramenta acintosamente. Joe ignorou. Apelando, o vizinho-tarado pôs A MÃO inteira dentro de seus pertences pudentos. Joe, engolindo em seco, ignorou.
Finalmente, o ponto final. Todos saltam da embarcação do inferno e, mais do que rapidamente, meu querido amigo se afasta, armando (...) o guarda-chuva, pois na quarta-feira Floripa cobriu-se de nuvens plúmbeas. "A chuva despencava com gosto. Fui tomando meu rumo quando, ao esperar um semáforo abrir, na faixa de pedestres (Joe é um cidadão exemplar), alguém parou bem do meu lado. Adivinha?".
- Oi. Tá chovendo, né?
Sim, era o taradão armadão. De guarda-chuva também. Joe respondeu:
- É, bastante.
- Eu moro no Kobrasol, travessa X com avenida Y. E você?
- Moro no Jardzim Atlântsico (disse, mentindo o endereço. Vai saber?)

Momento de silêncio. O sinal abre, Joe atravessa a rua, apressado, o estrangeiro o segue. Mais silêncio.
"Tá chovendo muito mesmo, né?", continuou o insistente. "Bastante", rebateu o prolixo amigo. De repente, o pintudo solta: "Queres me visitar no meu apartamento hoje? Chego às seis e meia".
Silêncio. A pergunta é repetida. Neste momento posso visualizar meu querido amigo empalidecendo e tentando achar um meio de fugir o mais breve possível. "Não posso, já tenho compromisso", desculpou-se. De acordo com Joe, o desconhecido nem era horrível. Carequinha, faixa dos 40, certo charme. Mas, ah, faça-me o favor.
"Aí ele começou a perguntar se eu queria o telefone dele. Perguntou três vezes. Eu, praticamente já correndo, gritei: não, obrigado. E fui embora".

*********************************************************************


Não bastasse tamanho infortúnio, nosso herói do dia, seguindo firme pela Filipe Schmidt, e assustado com tamanha ousadia em abordagens, desconcrentou-se e, com os tênis novinhos em folha, derrapou e caiu com tudo, derriére cobiçadíssimo no chão. Uma senhoura que passava ao seu lado bem no momento do desabamento ficou tão assustada que simplesmente parou e ficou olhando para o moço estatelado, fixamente, por uns dois minutos, enquanto ele se reerguia. Não perguntou se o pobre rapaz precisava de ajuda nem estendeu a mão. Joe, que numa hora dessas só queria voltar pra casa, virou pra gata e, em tom de lamúria: "Não foi nada, não foi nada...".

12.4.08

Susy inflável

Aí eu tava assistindo à Sony, noite de sexta-feira, após exaustivo dia de trabalho, quando entra a vinhetinha anunciando o bloco Machos de Respeito, idiotice do canal a cabo para atrair homens, co-irmã de Mentes Perigosas, bloco semelhante, mas dirigido às mulheres. Fala sério, alguém já viu aquilo?

No Machos de Respeito de sexta tava lá o galãzinho retardado, seminu, deitadão na cama, coberto da cintura pra baixo, arfando e suando. Na mesma cama, dá pra distingüir um volume deitado ao lado, cabelos displicentemente soltos no travesseiro, como se a dormir.

Aí ele fala que encontrou a mulher da vida dele. Que no sexo ela é sensacional, que não regateia, não faz corpo mole, nunca tem dor de cabeça, não reclama, não cansa, não quer conhecer os pais dele, é segura de si e jamais o aborda com questões-clichê do tipo "no que você está pensando?" ou "eu engordei?".

Diz que ela é calada, não quer conversar, não pede carinho, nunca tem TPM etecétera etecétera.

Não é surpresa quando o cretino puxa o "negócio" ao lado e se vê uma boneca inflável, com a xaninha descoberta e os peitinhos já meio murchos.

Mas o pior vem depois: ele ameaça dar um beijo na boca da gata, recua, como se "brincando" com o público ("vou lá eu beijar esta boca que me suga?", e mete a gata de plástico sob as cobertas, na direção de suas partes pudentas. Pra finalizar, sapeca um tapão da "bunda" da boneca. Vomitei.

Chocoleite ou Fanta uva?

Fui à padaria forrar o estomagozinho reduzido pela dieta (que nesta hora debatia-se, nervoso, tamanha abstinência), e reparei em um rapaz, casa dos 30 e tantos, regata, que se sentou ao balcão, pediu uma coxinha e um CHOCOLEITE. Não posso detonar a opção do regatudo com muita violência porque maridinho é adepto ardoroso do leite achocolatado. Mas o marido é um bebezão, e ele pode tudo. Achei estranho o cara solitar a bebidinha açucarada à atendente, pra mim chocoleite é bebida de criança. Aí comecei a traçar perfis baseados nos pedidos feitos aos garçons deste meu Brasil.

Vamos a eles:

* Se o cara chega na pada e pede qualquer coisa E uma FANTA UVA, ele é gay. Ah, mas é gay meishhhhhhmo. E gay dos alegóricos, fanfarrões, e não dos sofisticadinhos e metidos a finos, que pedem Coca light. Fanta uva é bebida feita para quem tem altíssima tolerância aos açúcares, ao melaço, ao caldo da cana fervido e incrementado com açúcar mascavo, whatever. Fanta uva é doce demais. E mesmo que você a ponha no freezer, ela jamais vai parecer melhor do que um bom xarope para tosse. Fanta uva é feita para gays e para meninas magrelinhas (agora mais cheinhas), como a Miche Z.



* Se o sujeito pede um café preto, ele é macho e é velho. Sim, porque os jovens não pedem mais café preto. Pedem refrigerante, suco de qualquer coisa ou uma média com leite.



* Se você quer ter certeza de que seu pretendente é macho machérrimo, leve-o ao restaurante mais próximo. Se ele pedir Coca normal ou suco de laranja, é Homem. Porque vai ter imaginação limitada assim na pqp.



* Se o rapaz pedir um frapuccino, hum... Ou ele é gay ou ele é algum atorzinho de Hollywood. Provavelmente gay.



Drinks

* Se no bar ele pedir uma cerveja gelada, ok. Macho. Se não te oferecer, vá embora sem se despedir. Se pedir da mais barata, vá embora sem se despedir. Se for uma Bohemia geladíssima, case-se com ele.



* Se na boate ele inventar de pedir um appletini, ou ele é gay ou ele é o J.D., de Scrubs. Se pedir um uísque, quer te impressionar. Peça um double shot on the rocks, pra assustá-lo. Em seguida, acenda o charuto.



* Se ele pedir muitas e repetidas doses de qualquer coisa de teor alcoólico, ah, meu amor, divirta-se com o gajo a noite toda. Mas despeça-se dele forever pela manhã.



* Se ele pedir chá, convide-o para bater perna no shopping, ou pra ver o último da Kate Hudson e do Matthew McConaughey.



* Se ele pedir tequila, é o homem da sua vida.

8.4.08

Bem coisa de metrópole mesmo

Consumida por uma TPM que-eu-nunca-tinha-visto igual, estava eu macambúzia perambulando pela internet quando me deparei com uma notícia sobre uma ação realizada por uma uma livraria em São Paulo. A prática se chama bookcrossing e consiste no seguinte: você está num lugar público (um ponto de ônibus, um shopping, uma estação de metrô) e se depara com um livro. Dentro do livro, há uma mensagem pedindo para que a pessoa que o encontrou ler a obra e a deixar novamente num lugar movimentado. E por aí vai. Legal né? Bem coisa de metrópole mesmo. Quem sabe uma hora dessas essa novidade bate na terrinha.

Ah, se você quiser saber mais sobre essa editora vai lá em:
http://www.matrixeditora.com.br/shop_content.php?coID=11

6.4.08

Teste

Nossa heroína predileta nos delicia, hoje, com mais uma de suas fantásticas aventuras surreais. A moça, toda ocupada, havia se programado para rumar à agência bancária mais próxima sacar um depósito misterioso que havia sido feito em sua conta. Toda dispostinha, escovou as madeixas mega-alisadas e negras como a asa do urubu, emplastrou a boquinha atrevida de gloss, caprichou na carga do desô, que o dia estava quente, pôs a bolsa a tiracolo e suspirou: vou-me embora para Pasárgada. Ledo engano. Qual não foi sua surpresa ao girar a chave na fechadura e ouvir um "click" sinistro? Sim, Charlottinha, a endiabrada morenaça, estava trancada em sua própria residência.

Pânico na zona universitária.

Tentando se controlar, a detenta pensou: "Vou ligar para o gordo (que vem a ser o síndico), só ele poderá me salvar". Descobriu que o gordo estava próximo, na refinaria de cocaína que funciona atrás da antiga boate Chama. "Tô indo aí", o gordo gritou. Vinte minutos depois, o gordo, arfando e suando em bicas, chega à porta de nossa trancafiada personagem. Girou de lá, mexeu daqui e nada. "Vou buscar um chaveiro", disse o rotundo síndico, deixando a paulistana-mais-sharkcitiana-ever em pânico, afinal, o chaveiro mais próximo ficava a 10 quilômetros de seu edifício. Demorou, mas ele retornou. "Tu pensas que porque eu sou gordo, eu sou lerdo, né? Mas tás enganada", disse o síndico, como se lesse os pensamentos da brunette.

Finalmente, a porta foi aberta, após mais de uma hora e R$ 20 a menos em sua polpuda conta bancária. Seu dia, no entanto, ainda traria muitas surpresas (e das menos agradáveis) até a fatídica hora de dormir.

 

*************************************

 

A moça, já descabelada, sem sinal do gloss nos beiços e com o desô próximo do vencimento (tamanho o suadô para se ver livre de suas quatro paredinhas), chega finalmente à agência bancária (de onde, como disse anteriormente, sacaria uma graninha para despesas básicas). Na fila (quilométrica, por sinal), é atendida por uma das simpáticas mocinhas do "Can I Help You?", sempre tão prestimosas. A esperta atendente disse que resolveria a questão de Charlotte em poucos minutos, pediu sua identidade (datada de 1846, uma relíquia preciosa), assim como a de outra menina que solicitava o mesmo serviço bancário.

"Ah, cara, aí a moça virava pra mim e dizia: tudo bom, Cláudia? Já vamos resolver isso, Cláudia. Espere só mais um minutinho, CLÁUDIA. Deixei quieto. Sim, porque se fosse corrigir ia acabar xoxando a guria", confessou. Quando chegou sua vez de sacar sua verbinha, a surpresa. A carteira de identidade que lhe foi entregue pertencia, esta sim, a uma tal de CLÁUDIA, que por sua vez, já havia resolvido seus problemas e picado a mula. Com a identidade-relíquia de Charlotte em mãos.

Pânico no Centro de Shark.

Por um acaso do destino, a menina do RG trocado volta, meia hora depois, e o caso é resolvido. Mas as pendências bancárias de Charla, ainda não. Aí a mulher se dirige ao mocinho (biba, disse ela) do caixa e pede uma senha. É prontamente atendida e ficou faceira. "Ôpa, agora o negócio vai". Quando enxergou o "placar" que indica a senha a ser atendida, caiu pra trás: o 51 acabava de se dirigir ao caixa. Mas meia hora de espera sem sentido depois, e ela se dirige novamente ao caixinha (bibíssima, segundo ela): "Ô, moço, porque tá todo mundo sendo atendido e o meu número não chega nunca?". Surpresa na CEF. "Ah, SENHORA, me desculpe. Eu me confundi e acabei lhe entregando uma senha pra atendimento da TERCEIRA IDADE".

...

Pensei que o guri seria trucidado logo em seguida, mas nossa lady predileta, ora, vejam só, se conteve. "Suspirei bem fundo. Contei até dez. Nisso olho pro lado e vejo uma criatura que se diz da press sharkcitiana, conhecido por Flee, me acenando. Mirei em uma PEREBA-MÃE em seu lábio superior, DST das bravas, e vi que tem gente em pior situação do que eu. Peguei outra senha e, após mais alguns minutos de agonia, fui finalmente atendida".

Fim da peregrinação macabra de Charlotte. Por hoje.

3.4.08

Mullheres e suas gramas a mais (ou a menos)

Mulher é um bicho triste, né? Triste de tão complexo. Digo isso do alto de meus saltinhos 8 centímetros (estou no trabalho, ué?), por ser representante da classe e por conviver diariamente com criaturas deste mesmo gênero. São tantas distrações ao longo do dia, tantas preocupações, tantos infindáveis problemas que nos sobra pouco tempo para fazer coisas mais banais e terrenas, como lavar um tanque de roupas ou capinar o quintal (putz). Exemplo: após engrossar levemente minha outrora fina cinturita, e próxima de minha entrada triunfal ao mundo de Balzac (o que nos deixa muito mais cabreiras quanto ao maldito metabolismo), decidi aderir a um programa de reeducação alimentar (dieta) pela primeira vez na vida - porque algum dia a gente cria vergonha na cara, né? Aí que após três dias dramáticos eu não suporto mais olhar para cara do alface e tenho delírios eróticos com um pedacinho do meu ovo de chocolate. A fase do mau-humor, no entanto, ainda não chegou. Mas quando chegar... pobre maridinho. Tudo isso para entrar bonita num jeans 38, como deve ser tudo nesta vida.
E enquanto passo meus dias a base de grãos, queijo cottage (blargh) e água com gotas de Maguary, tem gente por aí que nem tchuns pro ponteiro da balança. Refiro-me à loirosa mais assediada do Sul-catarina, Miche Z., que após um longo período descansado num spa, longe das atribulações diárias em torno da missão de se matar um leão, observou um discreto aumento de peso. "Engordei"", contou-me, em êxtase orgástico. Faceiríssima, ainda acrescentou: "Tô até com celulite! Olha aqui, ó", e espremeu a coxa com as mãozinhas, se achando gostosa. Mulher é bicho triste.
Talvez eu peça pra Papai do Céu me tornar homem na próxima encarnação. Ou talvez não. Porque, oras bolas, nada melhor do que entrar e se perder em lojas de calçados e maquiagens sem ser olhada meio de esguelha, né? E também não há nada mais eficaz pro ego do que passar por uma das simpáticas construções civis deste Brasil de meu Deus e ter suas curvas adiposinhas mas charmosas exaltadas pelos nobres auxiliares de pedreiro. Glória.

April Fool´s day

Nove da manhã. Recebo mensagem daquela moça - aquela, que anda desaparecida - dizendo que era agora ou nunca: ou nos reuníamos para confraternização ou já era: a morenaça partiria forever à capital paulistana, malas, cuias e geladeira duplex a bordo. Tremi. Sim, confesso que trememos, nós, eu e marido, porque nosso mundo não seria tão preto e branco, ácido, irônico e cruel, como deve ser, sem a presença dela. Marido disse: liga. Em princípio relutei, pois temi que as lágrimas embargassem minha voz. Mas segui adiante, decidida a tentar convencê-la a mudar de idéia ou, pelo menos, de tê-la por mais algumas horas, antes da partida inevitável. Já pensava no que compraria como lembrança minha de sua passagem por terras sharkcitianas, onde (ao que me parece) foi bastante feliz, fez uma penca de bons amigos, conquistou um título de bacharel (pelo qual não dá muita importância), namorou, desnamorou, beijou na boca na Produ, usou pato purific como adereço de bolsa pelas ruas da cidade, brigou, ameaçou greve, xingou, fez que não viu, falou mal, fofocou, enalteceu, fez dívidas, quitou dívidas, ensinou, aprendeu, foi expulsa de apartamentos alheios, foi recebida de braços abertos dias depois, bebeu shots geladíssimas e, vejam só, até se embriagou, eventualmente.

Um trailler movimentadíssimo e muito bem editado de sua vida acabava de passar por meus olhinhos sonolentos quando a bicha, solenemente, do alto do seu quarto andar do Universitário, solta: não, não, eu tô brincando. Primeiro de abril!

Agora, me and G. girl, além de marido, furiosos, planejamos uma vingancinha básica, a ser posta em prática na próxima confraternização, a ser realizada ainda esta semana, I hope so.

Conto de Fadas para Mulheres do Século 21

Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã. Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
- Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e
poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e
viveríamos felizes para sempre...> Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas
de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava:
Nem Fudendo !

> (LuísFernando Veríssimo).

2.4.08

Entre livros e histórias na terra do príncipe


Aqui pela província de Joinville vai rolar essa semana mais uma edição da Feira do Livro, que terá entre outras atrações, presenças de peso, como a do gaudério e imortal Moacyr Scliar. O médico-escritor, entre outros sucessos, foi autor de “A Mulher que escreveu a Bíblia” (muito bom, recomendo!). A escolha por Scliar mantém o nível de qualidade da Feira do Livro. No ano passado quem esteve por aqui foi o multimídia Arnaldo Antunes, falando de suas experiências literárias. E não é que a presença do ex-Titã arrebatou mesmo a terrinha? Assim que terminou de falar, caiu um toró surreal, digno de Hurricane, como eu nunca tinha visto. Juro.

Vai ter também contação de história e do bate-papo com novos escritores da cidade (este assunto rende um post para outro dia). Pena que o terceiro pólo industrial do Sul do Brasil teve que cancelar outras participações por não ter um patrocinador à altura para bancar passagens aéreas e hospedagem. Mas, fazer o quê? Pelo momento temos que agradecer que a cidade evolui a passos de bebê, mas, evolui.

1.4.08

Corrente(s) do bem?

Olá, voltei. Os leitores da Cíntia devem estar estranhando esta invasão blogística, mas acredite: eu faço parte das Imediatas. Andei assim, meio à espreita por falta de tempo (ah vai, falta de organização mesmo), mas propus como objetivo de 2008 me dedicar mais a este projeto pelo qual tenho tanto gosto. E não é que justamente a falta de tempo acabou sendo tema do meu post de hoje? Claro, o tempo que eu tenho para escrever é a hora do almoço. Sempre prometo que vou pensar em um post logo depois de dar uma olhadinha rápida nos meus e-mails, mas, e quem disse que consigo? A expressão “corrente” faz juz ao nome. Estas abobrinhas sem fim prendem você de uma maneira inexplicável.
E tem de tudo: anjinhos da felicidade (o mundo será insuportável com tantos novos ricos), ameaças de morte se não passar adiante (uma verdadeira corrente PCC na internet!), tem ainda as piadinhas de loira, de machismo (pior ainda: as feministas contra-atacando), frases de caminhão, etc, etc, etc. Mas o pior são os powerpoints bregas e mal feitos com mensagens de auto-ajuda (tá bom, alguns até já me emocionaram). É muito conselho para uma cabeça só: viva melhor o hoje, tenha mais tempo com o que importa, cuide do seu amor, bla-bla, bla... Parece uma terapia de massa em forma de auto-ajuda. Não tem jeito: corrente enviada para mim é corrente quebrada na certa. Que tal lançar uma campanha: Liberte-se dos grilhões da falta de criatividade na Internet!