29.2.08

Tópicos congelantes (e literários)

Ah, as férias... dias de sol, mar, manhãs de mergulhos e frescobol, tardes de produtivíssimas sonecas, momento perfeito para pôr a leitura em dia. E neste período de ócio extremado e inatividade em plena forma, pude degustar alguns bons exemplares da literatura mundial. Se não, vejamos:
* O primeiro foi O Gattopardo, de Lampedusa, obra primorosa que conta a história (do tipo apogeu até a derrocada) do príncipe de Salina, do fim do século 19 ao início do 20, coisa de 30 ou 40 anos, passando pela conturbada unificação da Itália. Uma saga deliciosíssima, com um texto primoroso - sem nem citar o encantador Bendicò, um dos personagens mais cativantes e que me valeu uma ou outra lágrima furtiva, em determinados capítulos (que não convém citar).


* A Ilha do Dia Anterior, de Umberto Eco: esse me aborreceu um pouquinho, mas só lá no final. Quem sou moi pra questionar Umberto Eco, amo e senhor, mas eu faria um final diferente. De resto, a habilidade do intelectual italiano nas letras é incontestável, coisa linda de Deus, a ponto de me fazer parar a leitura em alguns momentos para dizer, abismada: "Vai escrever bem assim na putaqueopariu".

* E, finalmente, o desafio do ano, o cultuadíssimo calhamaço de James Joyce, Ulisses, o qual, até o momento, consegui vencer (mais ou menos) 300 páginas. São (mais de) 800. E olha que eu não sou de contar, mas a letra é tããããooooooo pequenininha... Tem tudo para se tornar o novo Crime e Castigo e empoeirar na minha mesinha de cabeceira.

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E nestes últimos dias de meu período de reclusão voluntária na Terra de Anita têm sido extremamente prejudicial para meu bronze-tentação-Guarapari-sun, conquistado a duras penas com Sundown fator 8 (!!!). O frio e o vento cortante, aliados ao guarda-roupa exclusivamente feito por peças veranescas, fazem com que eu circule por aí (inclusive aqui na lan house) enrolada em uma bela canga praiana cheirando a maresia, muita fina, elegante e sincera. Se a blond ambition M. Zim me visse nestes trajes abriria um blog só para zoação pura e sem reservas.

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E em dias em que não contamos com a intercessão divina na TV a cabo, devemos nos contentar com o que há na programação gratuita. E entre tanto lixo pavoroso e embrutecedor (como Maria Cândida, Geraldo Luís, Poeira em Alto Mar, Zorra Total, Caminhos do Coração e Duas Caras), descobri um programinha-lixo mais palatável e totalmente supimpa na Record! Viva! É o Troca de Famílias, todas as terças e quintas no canal dos bispos. Sério, é imperdível. Pelo menos uma olhadinha rápida.

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Os votos de get better soon de hoje vão para a loiraça mais papelão de Shark. Miche girl decepou o cotovelo enquanto passeava, toda pimpona, a bordo de saltinhos 12 (baixos assim porque eram apenas para a aula de inglês, queriam o que?). Nada que um band-aid da Hello Kitty não resolva, não é mesmo?

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Aí que a parentalha finalmente enxergou possibilidades na pessoazinha aqui, e descobriu que valeu de algo eu ter ido estudar fora: virei a escritora oficial do Clã Teixeira. Já foram biografias (parte da vida e obra de Madame Louise, por exemplo), discursos, homenagens, redações, dicionários, requerimentos e petições diversos.
A tarefa de hoje, no entanto, ficou em exaltar os 15 anos de uma prima distante, completados amanhã. Ok, sem problemas. Questão importantíssima é que o textículo deverá ser recitado por nada mais nada menos do que um locutor de Disk-homenagem, que desembarca de um carro plotado até o motor com corações, flores e balões coloridos, com Celine Dion, Kenny G. ou Ivete Sangalo até o talo, manja? A verdadeira visão do inferno para 10 a cada 10 Johns (hahahahaha).

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E agora que o ano começa de vez, iniciam os movimentos para a mega-festança que vai barbarizar Shark city em maio (só perdendo para o casório da Carol), em comemoração (hein?) à minha entrada triunfal no mundo balzaquiano (mas com carinha de 26). Aguardem. E economizem para os presentes.

20.2.08

The Next Day

E não bastasse o randevú da reunião de condomínio, vizinha (ex) bate em minha ex-porta mais uma vez, no dia seguinte, para bebericarmos um inofensivo licorzinho de genipapo. E, oras, bolas, férias é para isso mesmo, não é?
Aí que, de duas, tornamo-nos quatro (marido e Manékia). E, de quatro, sete (Tulipinhos 1 e 2 e Chapola), e de sete, nove (Carooool, Amigaaaaaaaa e seu Bebê). Danou-se total.
E não bastasse dona C. Chagas ter quebrado a TV, o computador e o home theater de Manékia, a Vizinha do Mal quebrou também meu carésimo e idolatrado CD da trilha sonora de Marie Antoinete. Só porque eu não quis emprestá-lo (e porque ela só devolve quatro anos depois, e se).

Quando observei que talvez, em breve, nos mudaríamos para um edifício lúgubre e mal-iluminado (e longe da maldita Chama, afinal), Charlotte pia mais alto: "Não vão, não vão, não vão! Procurem melhor, senão vão acabar morando numa caverna que nem a da Germana!".

Depois disso, foram múltiplos os devaneios de uma deliciosa noite de verão. Seguem alguns dos inúmeros e hilários diálogos:

Germana: "Se Carla fosse para o BBB, ou ela seria a primeira eliminada ou seria a vencedora. Sem meio-termo. Iria apanhar na rua depois, de qualquer jeito..."

Germana: "Ó, manda mensagem pra Carol, eu tenho crédito".
Carla: "Tá".
Carla: (um minuto depois) "Ah, não vou mandar não".
Germana: "A Carla é baiana..."

Alguém para outro alguém (devidamente não identificáveis): "Eu vou dormir lá na tua casa. Vou cagar tanto, mas taaaaaaaanto lá..."

Carla: "Germana, eu tava lendo (fuçando) o teu perfil no Orkut... bem interessante, né? Aí diz assim. Livros: todos, menos os de auto-ajuda. Aí eu pergunto, Cíntia e Caetano, O Segredo é livro de que?
Cíntia e Caetano, em uníssono: "AUTO-AJUDA".
Germana: O Segredo é auto-ajudaaaaaaaaaaaaaa??????????", (horrorizada).

Frases esparsas:
Germana: "Eu tenho medo do Perna Cabeluda
Carla: "Cabeluda my ass!"

Carla: "O Saci não é cabeludo, eu já passei a mão!".

O reencontro:
Carol, minha amiga e de Germana, finalmente reencontra a coleguinha Carla, a fugitiva, após mais de dois anos de contatos apenas virtuais.
"Amigaaaaaaaaaaaa, que cabelo é esse?", questionaram, ambas, ao mesmo tempo.

No final de tudo, Chagas buscando (e encontrando) isqueiros alheios na mesa (acho que o do Chapola). "Eu vou acender meu fogão com este isqueiro amanhã", planejou, enquanto guardava o dito em sua misteriosa bolsa marrom.

Reunião de condomínio

A primeira reunião de condomínio a gente nunca esquece (!). A gente percebe que já não é mais uma garotinha ao participar de uma reunião de condomínio (!!!). Nenhuma reunião de condomínio passaria em brancas nuvens se contasse com a presença contagiante da (agora ex) vizinha Charlotte.
Foram cutucões bruscos, risinhos abafados e lágrimas na periferia ocular, tudo por conta de nossa morenaça belzebu favorita.
Primeiro, porque, ambas de férias, não conseguimos recusar aquela(s) gelada(s) minutos (horas) antes do grande encontro condominial. O resultado foi este mesmo: já entramos tropeçando na pobre Marmota.
Aí descobrimos que aquele empresário de renome que até comunidade-homenagem no Orkut tem é um baita de um velhaco de condomínio. Carla não pôde se conter e lançou-me a pérola, ao pé do ouvido:
"Não sei porquê, mas lembrei-me de Germana, coitada... Sabe como é, né?, ladrão que rouba ladrão...". Entendam como quiserem.
Depois foram os antitabagistas crônicos, os gays nervosinhos quebradores de portas alheias, a aparição surreal de Jesus Christ Superstar até que minha amiga, acusada injustamente de verter uns gorós goela abaixo com extrema freqüência, lança, acusatória, ao presidente da mesa:
"W., eu bebo, sim. Eu bebo. Mas eu bebo porque CHOVE DENTRO DA MINHA CASA!", queixou-se, usando as pobres goteirinhas de seu apê como causa de seu vício.
Não encontrei mais motivos reais para continuar naquele recinto e me retirei.

6.2.08

Shark city´s tales

Dexter
Sim! Finalmente assisti ao primeiro episódio da 4ª temporada de Lost! E como diria dona Neide, acho que eles botam maconha nisso. Totalmente viciante.
E para os seriemaníacos, um novo (e glorioso) período se inicia. Após este tedioso Carnaval, na próxima semana, início das novas temporadas. Yes! CSI, CSI, CSI! And Desperate Housewives!

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Putz, agora que lembrei... certamente não vou dispôr de cable tv na praia. Mas e não é esta a idéia? Um pouco de sol e ar fresco sempre caem bem (tanta contradição...)

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Soap Opera
É muito ruim assistir ao capítulo de uma novela/ programa de TV qualquer que exija acompanhamento prévio quando você não faz sequer idéia da trama nem do título do folhetim. Tão ruim quanto ler em letras garrafais, na capa de uma revista bagaceira, "VALDEMIR É ASSASSINADO NA FAVELINHA", or something. E como assim alguém consegue "roubar" uma universidade? Tragicômico.

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Conflito
Chego na casa da avozinha e, após cumprimentos de praxe, observo que meu Carnaval está sendo uma merda, já que marido colou na frente da (única) TV vendo o campeonato africano.
A vó nem perde tempo simulando pena. "Deixa, ué?", disse, segurando meu braço. "Deixa ele ver futebol. Ele não é um marido bom? Então?".
Madame Louise, muito fina, mordiscando biscoitinhos recém-assados pela criada de vovó, acrescenta. "Deixa, boba! Sai sozinha, ué? Pior seria se ele estivesse no bar, enchendo o escorno de cachaça, ou ainda pior, na putaria. Deixa ver o jogo, menos mal", observou.
Neide, que sabe da "paixão" da filha pelos festejos momescos, disfarça certa compaixão e sugere: "É melhor comprarem outra TV. Ou então chama a Carla e a Germana!".

Fim

3.2.08

Doctor 90210 ou a frivolidade do bisturi

Enquanto executava minha faxina de início de férias (a próxima será só no fim deste período. Sorry, marido), fiquei acompanhando um de meus programas prediletos, o Doctor 90210, no meu canal favorito, o E!. No programa, pessoas resolvem diuntudo: de seríssimos problemas ditos "estéticos", como a falta de um pênis (sério) ou lábios leporinos volumosos, até "necessidades" bastante esdrúxulas, do naipe da Angela Bismarck, como pular do sutiã 52 para um 62, com próteses de 1 litro, ou enxertar gordura animal na beiçola pra fazer a Jolie.
Ontem (sexta-feira) foram dois casos extraordinariamente mais absurdos do que a média (para mim, pelo menos): uma garotinha de uns 17 anos que vivia REALMENTE infeliz e deprimida, a ponto de preocupar a própria mãe, por conta de seus peitos - bastante normais para o padrão brasileiro. A mocinha, apoiadíssima pela mãe, que queria vê-la livre desta angústia, sonhava em inflar o sutiã para o 44 grande, sabe-se lá o que isso representa na América.
A menina, bem bonitinha, Avril Lavigne style, magérrima de doer, ficou discutindo com a médica (ainda que educadamente), insatisfeita com os APENAS 350 ml que a doutora queria pôr (achava pouco).
Em outra situação, um andróide monstruoso plastificado, identificada como Tabitha Stevens, atriz pornô bastante conhecida naquele país (hahahahahaha), fez mais uma participação no programa. Desta vez a moça bonita estava em pânico porque tinha observado uns "furinhos" na parte posterior de suas coxas. Quase caiu pra trás quando o médico disse que era celulite. Só para constar: Tabitha Stevens já fez anal bleaching - para quem não sabe, o clareamento da região anal, com produtinhos específicos. Mas ela precisa, néãm?, ossos do ofício...

Sou totalmente pró-cirurgia plástica, acredito mesmo que, se há algo incômodo no visual, não há problemas em se submeter a um procedimento cirúrgico para correção. Mas vamos por partes:
A mãe da adolescente sofria pela filha porque esta havia sido "infeliz" durante todo o high school por conta dos peitinhos ditos miúdos. Não era mais eficaz pagar uma terapia? No fim, com tanta amargura e complexo, até torci pra menina ficar corcunda com tanta comissão de frente, mas que diabo de sociedade é esta (tanto lá quanto aqui, vamos e venhamos) que tem o poder de deprimir uma menina linda porque ela não faz a linha Pamela?
Ninguém se dá conta de que há algo absurdamente errado nisso? É a ditadura do bisturi, dos analistas e do Prozac.
E quanto à coroa Angela Bismarch style (a atriz pornô), a lôca teve a ousadia de perguntar ao médico se, após o tratamento, deveria evitar tapinhas, beliscões e sexo selvagem, por algum tempo. A surpresa, aliás, só durou até eu descobrir que ela era atriz de "filmes adultos". Depois a gente entende, claro, somos muito compreensíveis, trabalho é trabalho...

Tensão Permanente de Merda...

Aí que uma incômoda sensação de aperto na boca do estômago me assolou durante as últimas semanas. Claaaaro que só podia ser câncer e permaneci por dois ou três dias fritando na cama all night long, obcecada por todas as conseqüências de se viver com uma doença tão cruel. Aí, por insistência (e instinto de auto-sobrevivência) do marido, este pobre atormentado, fui ao médico. And guest what? Tensão.
E aí que me perguntei, após a consulta: em que momento euzinha aqui, outrora tão relax girl, me transformei em uma pessoa absolutamente ansiosa, tensa e aflita - a ponto até de assustar o próprio doutor, certamente habituado a conviver com os mais surtados hipocondríacos? Quando me forcei uma auto-avaliação pude enxergar uma mulherzinha de fala terrivelmente rápida, torcendo as mãos e soltando risadinhas sem graça enquanto descrevia seus múltiplos sintomas e suas dores infindas - e que, como já me antecipei, foram atribuídas só e unicamente ao estresse.
Então finalmente pus as mãozinhas delicadas na cabeça e tomei minha primeira resolução de Ano-novo (de toda a minha vida): voltar a ser tão tranqüila e despreocupada quanto o era antes, há alguns bons pares de anos. Ui, resoluções são tão dramáticas, decisivas e impactantes... já tá até me dando um nervoso...